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Jack Dorsey, o gênio bizarro que cassa até o Twitter de Trump

Ele medita, jejua e leva uma vida de faquir para dominar o tumulto de quem tem 330 milhões de usuários e uma influência política assustadora

Por Vilma Gryzinski 21 out 2020, 08h42

Jack Dorsey tem 43 anos, dez bilhões de dólares e o maior canal político do planeta.

É pelo Twitter, que inventou em 2006 – uma era digital atrás -, que ditadores dão golpes de estado, rebeliões populares são combinadas, terroristas exibem suas vítimas, líderes políticos apresentam sua versão dos fatos, jornalistas buscam a outra versão e o público em geral toma conhecimento do que está acontecendo no mundo inteiro.

Inclusive, ou principalmente, na cabeça de Donald Trump, o homem que transformou o Twitter na arte de fazer de tudo em matéria de política, inclusive besteiras.

No calor dos dias finais da campanha presidencial, o Twitter cassou Trump quando se referiu a uma reportagem do jornal New York Post com e-mails de um ricão ucraniano aparentemente indicando que Hunter Biden “vendia” caro o acesso a seu pai, na época em que Joe Biden era vice-presidente.

Com base no argumento – fraco, considerando-se os antecedentes do gênero – de que não divulga denúncias comprometedoras hackeadas e sem comprovação, o Twitter também bloqueou o próprio jornal e a porta-voz de Trump.

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“Erramos na comunicação”, remendou Jack Dorsey, depois que o erro já estava cometido e senadores republicanos exigiam que fosse intimado a depor sobre o caso.

Como acontece também com o Facebook, o Twitter tem uma personalidade dividida: abre a porta para tudo, inclusive o que a humanidade tem de pior, e pena com acusações de parcialidade vindas da esquerda e da direita.

O conceito de que são vias obrigatoriamente imparciais – ou se transformarão em grandes agências de censura, como aconteceu no caso de Hunter Biden – não cola no calor dos acontecimentos.

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O poder dos mandarins da era digital que contam usuários na casa das centenas de milhões é um fenômeno que ultrapassa a capacidade de administração até mesmo dos gênios que criaram, do nada, os gigantes que viraram monopólios.

No mundo da alta tecnologia, eles são cultuados como semideuses. Existe até uma um expressão para definir essa veneração, o “culto aos criadores”.

É um Olimpo onde circulam pouquíssimos escolhidos, geralmente chamados pelo primeiro nome. Steve (Jobs), Jeff (Bezos), Mark (Zuckerberg), Larry (Page), Elon (Musk).

Jack (Dorsey) corresponde a todas as expectativas de comportamento excêntrico que se espera das divindades digitais.

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Segue uma modalidade extrema de jejum intermitente segundo a qual toma água com sal e limão de manhã e só faz uma única refeição depois das 6 horas da tarde. Os fins de semana são dedicados ao jejum total.

Ao acordar e ir dormir, medita e faz sessões alternadas de calor extremo, na sauna, e frio congelante numa banheira de gelo.

A barba ao estilo hipster e o piercing no nariz disfarçam a magreza extrema, provocada pelos hábitos alimentares nada saudáveis.

A aparência descuidada está se aproximando da de Peter Dinklage nos momentos mais difíceis de Tyrion Lannister em Game of Thrones.

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Sua noção de férias é uma temporada de meditação em Mianmar, a antiga Birmânia, onde viveu o guru da escola Vipassana cujos ensinamentos ele segue.

Nada de budismo paz e amor: o exercício de total imobilidade e observação da própria mente é, segundo ele, “um trabalho extremamente doloroso e exigente em termos físicos e mentais”.

A recompensa, claro, é o fim do sofrimento pela eliminação do desejo, o fundamento da doutrina budista.

A casa num penhasco com vista para a Golden Gate, em São Francisco, e as namoradas lindas, do mundo da moda ou do cinema, indicam que o fim do desejo talvez não tenha sido tão categórico.

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Ou talvez Jack Dorsey tenha atingido o nível em que tanto faz estar na mansão de 21 milhões de dólares ou no quarto com apenas uma cama, sem cobertor, no centro de meditação de Mianmar; de moletom e capuz ou com os ternos de grife que veste em pouquíssimas ocasiões; no comando do Twitter ou amargando anos no exílio como aconteceu com ele.

Bem, essa parte talvez ainda não tenha sido alcançada. Da mesma forma matadora que tramou seu retorno ao gigante que criou, Dorsey hoje enfrenta um grupo de investidores que discorda de seu estilo de comando e a divisão entre o Twitter e a Square, a empresa de pagamentos pela internet que criou quando estava afastado do filho predileto.

Segundo Nick Bilton, num artigo para a Vanity Fair, sob o comando de Dorsey o Twitter se tornou “a mais tumultuada e absurda empresa da história da tecnologia”, com alta rotatividade nos escalões superiores, inclusive do próprio fundador.

Imaginem se tudo fosse certinho, sem problemas nem excentricidades, e com um pouco mais do que os 280 caracteres permitidos?

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