Saraiva mostra provas fartas de ilegalidade que Salles defendeu
Em depoimento para comissão da Câmara, Alexandre Saraiva explicou notícia-crime contra ministro do Meio Ambiente
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aceitou como verdadeiros documentos com indícios fortíssimos de fraude e relacionados à madeira apreendida no Amazonas, na operação Handroanthus. Essa é a constatação do delegado Alexandre Saraiva, retirado da superintendência da Polícia Federal no Amazonas depois de apresentar notícia-crime contra Salles ao Ministério Publico Federal (MPF) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em depoimento dado nesta segunda, 26, às Comissões de Legislação Participativa da e de Direitos Humanos dos Câmara dos Deputados, o delegado Alexandre Saraiva afirmou que a documentação enviada pelos empresários que reclamavam a madeira era completamente irregular. Além disso apareceram reclamantes de apenas uma parte pequena da madeira.
Alexandre Saraiva mostrou numa apresentação de power point uma série de provas de fraude nos documentos que foram apresentados como sendo dos supostos donos da madeira que o ministro Ricardo Salles disse que era legal.
O delegado enfatizou que todas essaas provas foram apresentados ao Ministro. Ele as ignorou e insistiu que a madeira era legal. “Essa série de contradições não deixa a menor sombra de dúvida da ilegalidade”, afirmou Saraiva.
“Só um dos supostos proprietários, por exemplo, deve nove milhões de reais em multas, e isso o ministro deve saber”, disse ele, na Câmara. Segundo o delegado, a intenção dos documentos enviados pelo órgão ambiental, com o aval de Salles, era iludir a polícia.
“Quando eu vi aquele conjunto de documentos que foi numa reunião organizada ou pelo menos com a participação direta do ministro do meio ambiente… quando aquilo se mostrou uma fraude imensa onde se buscava iludir a autoridade policial, eu entendi por correto encaminhar notícia- crime ao Supremo Tribunal Federal apontando aquele fato”, declarou Saraiva.
O delegado destacou que Ricardo Salles recebeu todos os laudos e informações necessárias para fazer o “juízo de valor” sobre o caso, mas preferiu proteger os criminosos.
“O senhor ministro fez uma inversão e tornou legítima a ação dos criminosos e não a do agente público”, disse Saraiva em referência à operação da Polícia Federal que resultou na apreensão recorde de madeira extraída ilegalmente no Amazonas.
Como a coluna mostrou, a saída de Saraiva da superintendência da PF no Amazonas logo após a notícia-crime contra Salles é uma prova de que a ideia do presidente Jair Bolsonaro de intervir na corporação deu certo.
A apresentação da notícia-crime contra Salles agrava a situação do governo, que já tem sido criticado pela política ambiental ineficiente e pelos recordes de desmatamento na Amazônia que têm sido registrados nos últimos meses.
Durante cúpula do clima realizada na semana passada, Bolsonaro tentou mudar o discurso em relação ao meio ambiente, mas a equipe do governo vai precisar de mais do que palavras para convencer que seu ministro do Meio Ambiente não defende criminosos.