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Por José Benedito da Silva
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Salles ‘tornou legítima a ação dos criminosos’, diz delegado à Câmara

Em depoimento a comissão parlamentar, Alexandre Saraiva afirma que ministro do Meio Ambiente fez uma 'pseudoperícia' em toras apreeendidas

Por Eduardo Gonçalves e Juliana Castro
Atualizado em 26 abr 2021, 20h52 - Publicado em 26 abr 2021, 17h15

O delegado da Polícia Federal do Amazonas Alexandre Saraiva declarou nesta segunda-feira, dia 26, em depoimento na Câmara dos Deputados que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentou “legitimar” a ação de criminosos que atuam no mercado ilegal de madeiras extraídas da Amazônia.

Responsável pela Operação Handroanthus, que apreendeu a maior quantidade de toras na região (mais de 214 mil metros cúbicos), Saraiva foi convidado para prestar depoimento na Comissão de Direitos Humanos e de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados após ser tirado do posto de superintendente da corporação amazonense por decisão do governo Jair Bolsonaro. A exoneração ocorreu dias depois de ele enviar uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal contra Ricardo Salles por sua atuação a favor dos madeireiros alvos da PF. A ação pede a apuração dos crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e obstrução de investigação.

“O ministro tornou legítima a ação dos criminosos. Temos mais de 70% da madeira apreendida em que não apareceu nenhum dono. Se ninguém reivindicou, como é que ele pode falar que aquilo está legal? Não apareceu dono”, enfatizou o delegado Saraiva, que, apesar de ter sido apeado do posto de superintendente, continua coordenando as investigações.

Após atender ao pleito dos investigados, Salles decidiu ir ao Pará duas vezes para dizer que a madeira apreendida estava devidamente registrada e merecia ser liberada.

“Etiquetas nas toras indicam o local exato de onde vieram. Andamos na mata para conferir. Os dados bateram certinho. Agora faremos a confirmação pelo teste comparativo do DNA das amostras”, disse Salles, na ocasião, em vídeo publicado nas redes sociais.

Na sessão na Câmara, Saraiva rebateu a declaração do ministro:

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“Ocorre que não ficou só no discurso. Ele foi até a área, fez uma pseudoperícia, de 40.000 toras, olhou duas, e disse que a princípio estava tudo certinho, porque apresentaram escritura”, afirmou.

Segundo as investigações da PF, algumas madeiras legais – devidamente etiquetadas – são misturadas às ilegais para “esquentar” toda a carga. Além disso, Saraiva afirmou que vêm detectando diversas irregularidades na documentação apresentada, como possível grilagem de terras e retirada de madeira de áreas de preservação permanente.

Deputados bolsonaristas tentaram derrubar a sessão. Logo no início, o deputado major Vitor Hugo (PSL-GO) suscitou uma questão de ordem de que Saraiva não poderia ser ouvido na Comissão de Legislação Participativa e sim na de Meio Ambiente. A primeira é comandada pelo petista Waldenor Pereira (BA) e a segunda pela bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP). Ou seja, tiraria o delegado de um ambiente mais favorável para outro mais tenso. O parlamentar alegou que na sessão de hoje as discussões estariam “enviesadas”.

A questão de ordem foi indeferida e houve bate-boca. “Tem gente tumultuando aqui para não ouvir sobre os crimes praticados”, afirmou um dos deputados.

Saraiva detalhou aos deputados os motivos pelos quais a madeira apreendida é ilegal.

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“Em todos os processos examinados foram constatadas diversas fraudes, o que demonstra que os processos de licenciamento analisados foram produzidos e aprovados sem consistência técnica, apenas como meio de ‘legalizar’ a madeira a extraída”, afirmou o delegado, completando: “Não se pode com a análise de duas toras colocar abaixo todo o trabalho que foi realizado por esses peritos e agentes da Polícia Federal”.

O delegado disse que, se era para criticar, deveria ter sido colocada um equipe do Ibama para analisar as informações. Zambelli rebateu: “O senhor não quis receber o pessoal do Ibama”. Saraiva afirmou que isso não era verdade.

Ao longo da sessão, houve troca de farpas entre os parlamentares e o delegado. A deputada Alê Silva (PSL-MG) disse que Saraiva foi tirado do comando da PF no Amazonas porque era incompetente. Quando teve a palavra,  o ex-superintendente rebateu. Afirmou que, de cerca de 50 proposições da deputada, apenas duas tiveram algum avanço. “Acho que a incompetente é ela”, criticou.

Em outro momento, o deputado Ubiratan Sanderson (PSL-RS) disparou para Saraiva: “Eu não tinha presenciado um convidado (pelas comissões da Câmara) ser tão arrogante e tão prepotente como o senhor”. O delegado não deixou por menos: “O senhor perguntou o que quis e eu respondi o que quis”, afirmou, completando que ensina ao filho uma frase: “Não seja arrogante com os humildes e nem humildes com o arrogante”.

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