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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O futuro do Brasil é o envelhecimento

Artigo do ensaísta Davi Lago chama a atenção para o que a pandemia escancarou: é difícil envelhecer bem no Brasil. Voz da maioria dos idosos é silenciada

Por Davi Lago
Atualizado em 7 jun 2020, 08h41 - Publicado em 7 jun 2020, 08h04

A expectativa de vida no Brasil é de 76,3 anos segundo os dados do IBGE. As Tábuas Completas de Mortalidade divulgadas em novembro do ano passado afirmam que, para as mulheres, espera-se maior longevidade, 79,9 anos, versus 72,8 anos para os homens. O escritor Jonathan Swift disse que “todo mundo quer viver muito, mas ninguém quer ficar velho”. Contudo, a despeito da fantasia de juventude eterna, a velhice é inevitável e “o futuro do Brasil é o envelhecimento”, como afirmou Karla Giacomin, integrante do Núcleo de Pesquisas em Saúde Pública e Envelhecimento da Fiocruz. De fato, o Brasil está envelhecendo. Hoje, a porcentagem da população com mais de 65 anos é de 9,83%, e esse número aumentará para 25,49% em 2060, conforme as projeções do IBGE. Estudar essa nova realidade é vital para o desenvolvimento do país.

É importante destacar as conquistas brasileiras no último século. A obra Brasil: Uma visão geográfica e ambiental do início do século XXI, organizada por Adma Hamam de Figueiredo, afirma que a expectativa de vida população aumentou 41,7 anos em pouco mais de um século. Nas últimas décadas iniciou uma abertura da sociedade à questão do idoso. Como esclarece a antropóloga Guita Grin Debert, proliferaram “os programas voltados para a terceira idade, como as escolas abertas, as universidades e os grupos de convivência. Esses programas abrem espaços para que uma experiência inovadora possa ser vivida coletivamente e indicam que a sociedade brasileira é hoje mais sensível aos problemas do envelhecimento”. Os setores público e privado desenvolveram mecanismos atentos às novas demandas da pirâmide etária nacional. Mas, é evidente que o Brasil ainda tem muito a fazer.

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Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, afirmou que a maior parte dos brasileiros chega muito mal na velhice, com uma pensão ruim, sem segurança alimentar e habitacional: “tudo isso faz parte de envelhecer na pobreza, na miséria, em um país muito desigual. Esse é o contexto do curso de vida de quem está hoje envelhecendo no Brasil”. A brutal desigualdade social brasileira amplia o quadro de comorbidades precoces de nossa população, onde há pessoas que já estão velhas com 45, 50, 55 anos. Kalache, que também é médico epidemiologista especializado em gerontologia, com experiência como diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde, afirmou que a pandemia de Covid-19 escancarou o fato de que ainda há muita apatia política sobre o assunto no país: “no Brasil, não temos ONGs, conselhos de idosos atuando de forma efetiva e eficaz. A voz do idoso é silenciada”.

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Conforme destaca o Relatório do 6º Fórum Internacional da Longevidade que ocorreu no Rio de Janeiro, o desafio atual não é mais o simples acesso à informação. Hoje, o maior impulsionador de transformações é o discernimento e a aplicação prática do conhecimento. O documento afirma que deve haver uma resposta de toda a sociedade: “instituições e empregadores devem reexaminar suas políticas de trabalho, e os governos devem reavaliar as prioridades dos seus investimentos sociais. Não se pode permitir que a dignidade humana diminua com o passar do tempo. O envelhecimento não é uma jornada separada. É uma continuação”. Com solidariedade geracional, o futuro está do nosso lado.

* Davi Lago é pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo

 

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