O capitão e a política no hospital
Bolsonaro reclama de perseguição, mas usa tudo como ato político
O presidente Jair Bolsonaro reclama de não darem trégua nas críticas a ele, mas não descansa quando o assunto é fazer política.
A apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, disse: até hospitalizado eu apanho. O que o presidente não disse é que usou sua internação como um ato político, fez questão de relembrar a facada que levou em 2018 durante a campanha eleitoral e abusou do “coitadismo”, para usar um termo que ele mesmo gosta de propagar contra opositores, ao tratar de sua condição de saúde.
Durante o tempo em que Bolsonaro esteve no hospital, seus críticos mudaram o tom e respeitaram o diagnóstico delicado de obstrução intestinal.
Apesar disso, mesmo na condição de paciente, o presidente não deixou de ser político. Postou foto na cama do hospital e divulgou imagem com outra paciente. Os dois sem máscara de proteção facial. Mais um recado claro de um presidente que ignora as orientações de saúde em meio à pandemia.
Os filhos de Bolsonaro também exploraram a história e encheram suas redes sociais com textos e notícias do pai.
Quando há a esperança de que o presidente abaixe o tom, ele faz o contrário. Até mesmo o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tentou aconselhar Bolsonaro a diminuir a agressividade na fala. De nada adiantou.
+ O que disse Fux a Bolsonaro no particular desta semana
Entre imagens de um Bolsonaro debilitado e boatos de que ele precisaria de uma nova cirurgia, o que aconteceu não foi nada disso. Quatro dias após a internação, o presidente saiu do hospital e posou para fotos mostrando um semblante saudável e forte.
Enquanto reclama de sempre “apanhar” da imprensa, Bolsonaro nunca faz uma autoavaliação e não admitirá também que usou sua condição de saúde para fazer jogo político.