O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou a sua conta oficial no Twitter para rebater uma enigmática ironia que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) compartilhou no fim de semana. Bolsonaro colocou uma foto de FHC sentado de lado em uma poltrona, com um livro na mão, sem acrescentar nenhum comentário, tarefa que coube aos seus apoiadores, que citaram o fato de o livro tratar do regime comunista chinês para identificar o tucano, em si, como “um comunista”.

Hoje, FHC veio a público responder, afirmando que a obra em questão, Prisioneiro do Estado – O Diário Secreto de Zhao Ziyang, foi escrita por uma ex-liderança comunista que, deposta e presa, a produziu no intuito de questionar, e não apoiar, a ditadura chinesa. O ex-presidente atribuiu a publicação de Bolsonaro à “desinformação”.

“A desinformação é péssima conselheira, sobretudo vinda dos poderosos: na foto do Twitter do presidente eleito, eu apareço lendo um livro do ex-premier da China, deposto e preso, em que critica o regime. Isso aparece como ‘prova’ de que eu sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo!”, escreveu o tucano na rede social.

Primeiro-ministro e secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Ziyang teve atuação reformista quando era dirigente do país. Ele perdeu os cargos que ocupava após se recusar a apoiar o uso de força para coibir a célebre manifestação de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 1989, em Pequim.