É nisso que apostam e com isso que contam os detentores de foro privilegiado, o grande inimigo do déficit público: o Supremo está congestionado, é lento, e a sentença final vai sendo adiada.
Até que o roubo não possa mais ser punido, por força da lei.
A prescrição do crime que teria sido cometido pelo senador Romero Jucá antes da virada do século, e da qual tivemos notícia esta semana, não foi a primeira.
Há 10 anos, o caso da Frangonorte, sobre empréstimos irregulares do Banco da Amazônia à empresa do senador, também foi arquivado porque se esgotou o prazo.
Escrevi sobre isso em maio de 2016.
Na fila do senador, há um cardápio variado de 12 inquéritos no Supremo.
Enquanto isso, ele segue na presidência do MDB e na liderança de Temer no Senado.
Defendendo, entre outras, a reforma da previdência sob o argumento de que o projeto diminui a injustiça contra os pobres.
O contribuinte da cidade de Cantá, Roraima, de onde teriam sido surrupiados os recursos de um crime agora prescrito, têm bons motivos para não acreditar nessa retórica.