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Os exercícios físicos (e a saúde) precisam dos publicitários

Eles sabem como ninguém estabelecer metas ousadas, mas verdadeiras

Por Antonio Carlos do Nascimento
Atualizado em 20 dez 2019, 15h44 - Publicado em 19 dez 2019, 15h12

As benesses de saúde cedidas por um estilo de vida fisicamente ativo na infância e adolescência incluem melhora na aptidão cardiorrespiratória e muscular, na deposição cálcica do arcabouço ósseo, óbvios efeitos positivos no status ponderal, melhor desenvolvimento cognitivo e comportamento pró-social. A sustentação do comportamento, ajustado em sua intensidade nas sequências etárias seguintes, mantém-se como agregador de boa saúde.

A subtração da conduta destinará o indivíduo a inúmeras estradas, nas quais, a depender do novo perfil, pode restar pouco da aura protetiva empenhada na juventude, pois, a atividade física insuficiente é um dos principais fatores de risco em qualquer idade para doenças não transmissíveis, tais como Obesidade, Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes, entre outras tantas.

A atividade física inclui movimentação no trabalho, em casa, transporte e lazer, devendo resultar 150 minutos semanais de exercícios de intensidade moderada, metade deste tempo em atividade física vigorosa, ou a combinação entre os dois modelos. Neste contexto é estimado que um quarto da população mundial adulta se encontra insuficiente quanto à prática de exercícios.

Em cenário paralelo, na adolescência (entre os 11 e 17 anos) é preconizado ao menos uma hora de exercícios físicos de intensidade moderada a vigorosa e aqui se calcula oitenta por cento desta faixa etária abaixo do mínimo desejado. Em idades mais tenras são acomodados parâmetros proporcionais em cada ano de vida e o assombro não é menos dramático.

A adoção de comportamentos por seres humanos é instintiva e aparentemente preguiçosa, primando pelo menor esforço com a maior comodidade que lhe seja gerada. Do teclado e da pequena tela do celular surgem as soluções para comunicação, mobilidade, fome e para quase tudo que nos obrigava a movimentação até há bem pouco tempo.

Esta tendência que se instala há várias décadas forneceu os argumentos para que Organização Mundial de Saúde deflagrasse em 2018 uma ação global para reduzir os níveis de insuficiência de atividade física visando substancial melhora nestes índices até o ano de 2030.

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Alguns estudos demonstram a prática de exercícios quase tão eficaz quanto antidepressivos no tratamento da depressão, outros apontam maior produtividade e menor taxa de ausências em escola ou trabalho. Maior impacto causam as pesquisas que apontam a atividade física com resultante neuroprotetora contra o desenvolvimento de doença de Alzheimer.

Vários estudos solidificam o conceito de que atividades físicas regulares reduzem a incidência de doenças cardiovasculares, Diabetes, Obesidade e vários cânceres, incluindo mama e cólon.

Impressionante a proteção cedida pelos exercícios físicos quanto à atrofia muscular (sarcopenia) fisiológica do envelhecimento, permitindo a seus praticantes a desejada autonomia para seus afazeres em suas velhices.

É bastante curioso que para incentivar a prática de exercícios o poder público e sociedade médica (e correlatos) fujam das irrefutáveis conclusões citadas anteriormente para conceder a essa conduta o título de paladino no tratamento da obesidade, lhe subtraindo, nesta seara, sua principal qualidade, aquela de sustentar e evitar ganho de peso adicional.

Entendam que o gasto calórico será anotado em nosso centro gestor de fome e saciedade e se tudo estiver funcionando bem, faremos a reposição do universo calórico utilizado, pois, caso suceda o contrário, o mecanismo da sobrevivência estará sob frágil teto. Adicionalmente, atletas engordam em suas aposentadorias ou em períodos de descanso por um retardo na acomodação de seus controles centrais para uma menor necessidade energética, evocando o raciocínio de que nós devamos nos submeter a atividades passíveis de sustentação no tempo e intensidade.

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Reitero com isso que o sobrepeso e obesidade encontram na atividade física frequente um de seus principais enfrentamentos, mas seus tratamentos lhe têm como coadjuvantes, podendo mesmo ocorrer em sua (criticável) ausência, no que dificultará a sustentação do emagrecimento, mas este não ocorrerá apenas por sua prática.

Concluo o artigo anotando que talvez seja a hora de delegarmos ações, especialmente no que tange ao estímulo da utilização de nossa estrutura osteomuscular como elemento insubstituível na manutenção e boa performance de todos os outros sistemas.

Publicitários geniais nos apresentam marcas com tal astúcia que se o referido artigo trabalhado em seus cérebros se adequar ao nosso bolso estará então em algum de nossos íntimos recantos. Mas, o produto em questão se estabelece indefinidamente atemporal apenas quando os predicados midiáticos sugeridos (quase assegurados) lhe são atestados pela eficiência.

Se estamos mesmo bem-intencionados (e preciso acreditar nisso) precisamos parar de buscar resultados diferentes utilizando os mesmos discursos: convoquemos os publicitários!!!

(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)
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