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Informação e análise
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Campanha de Bolsonaro será teste para Banco Central independente

Em reunião reservada na Câmara, presidente do BC deu a impressão de que vai atuar contra a inflação à margem do projeto do governo para reeleger Bolsonaro

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 set 2021, 08h30

Faltam 16 semanas para terminar o ano. E o cenário político para 2022 não estimula otimismo na economia.

Um indicativo é a disposição anunciada pelo Banco Central para aumentar a taxa de juros.

Há exatos três semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, repete por onde passa, e pausadamente, uma única mensagem de meia centena de palavras sobre o futuro da taxa básica de juros básica diante do avanço persistente e disseminado da inflação, à beira dos dois dígitos:

“Para a próxima reunião, o Comitê [de Política Monetária] antevê outro ajuste da mesma magnitude” — avisa. “O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.”

Em agosto do ano passado, a taxa básica de juros estava em 2%. Era a menor em 34 anos. No mês passado foi a 5,25%.

Foi o quarto reajuste deste ano. Os três primeiros obedeceram ao mesmo compasso (0,75%).

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O ritmo mudou no último agosto (para 1 ponto percentual). O BC adverte: vai continuar na “mesma magnitude”.

Banqueiros palpitam sobre uma taxa de 8% ainda neste ano, acreditando que esse vigor será mantido durante 2022. Poderá ir além, ressalvam, avançando para dois dígitos, caso a crise hídrica submeta o país a um racionamento de energia durante o próximo ano.

Semana passada, Campos Neto participou de uma reunião reservada da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, onde se discutiu o papel do BC na gestão da economia em meio à instabilidade nas contas públicas e num clima de conflito institucional incitado pelo presidente da República.

Quem o assistiu falando sobre “os passos futuros” da política monetária, saiu da sala com uma impressão: ele parece decidido a não segurar os juros básicos nos próximos 16 meses diante do avanço generalizado da inflação.

Aparentemente, se trata de uma posição consensual na direção do Banco Central, cristalizada no seu status de independência confirmado pelo Supremo Tribunal Federal, no mês passado.

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Significa que a campanha eleitoral do próximo ano deverá acontecer num ambiente econômico conturbado por tentativas de conter a inflação no manejo de taxas de juros elevadas.

O resultado tende a ser a estagnação da economia numa etapa de disputa presidencial, com a massa de eleitores empobrecida e mais de 20 milhões fora do mercado de trabalho, entre desempregados e desalentados.

É previsível, para esse período, alguma tensão.De um lado, o governo ansioso por gastar mais, para aplainar as  condições já difíceis para a reeleição de Jair Bolsonaro. De outro, o Banco Central ativo nas restrições à expansão da economia, por causa do vigor da inflação.

Por enquanto, independência do Banco Central é um conceito com regulação definida em lei. Será testada, na prática, a partir deste mês e durante toda a campanha de Bolsonaro.

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