Governo Bolsonaro segue desidratando suas promessas e projetos
As iniciativas de enxugamento da máquina pública estão dando lugar ao velho clientelismo que Guedes tanto prometeu combater
Um sinal extremamente negativo foi recebido pela sociedade – e pelo mercado – ontem, com a debandada de Paulo Uebel e Salim Mattar, que deixaram respectivamente a Secretaria de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, e a Secretaria de Desestatização e Privatização, ambas subordinadas à pasta do ministro Paulo Guedes.
Já se desenha um profundo sentimento de desilusão em relação às promessas de campanha do presidente (também) para a área econômica.
As iniciativas de enxugamento da máquina pública, de desestatização da economia, de privatizações e de respeito ao teto de gastos, estão dando lugar a acordos com o *Centrão, a projetos assistencialistas, aos “bolsas disso e daquilo”, enfim, ao velho clientelismo que Paulo Guedes tanto prometeu combater.
E não há dúvidas sobre as maiores motivações daqueles 57 milhões de eleitores que votaram em Bolsonaro no pleito de 2018.
A eleição do presidente representou uma poderosa resposta ao candidato petista Fernando Haddad, vocalizando um sonoro ”não” a tudo que foi descortinado pela Operação Lava Jato no tocante ao clientelismo e à corrupção representada pelo lulopetismo, por Lula e pelo PT.
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Clique e AssineOs dois ministros de estado que mais alimentavam essas esperanças eram justamente Sergio Moro e Paulo Guedes, no comando de duas áreas vitais para a efetiva transformação do país: a Economia com as reformas tributária e administrativa, e a Justiça com o enfrentamento sistemático e sem tréguas à corrupção sistêmica.
O pilar do combate à criminalidade institucionalizada já fez água com a saída de Moro e com a aproximação com o Centrão.
Se a Justiça e a Economia eram as duas pernas principais do projeto eleitoral de Bolsonaro, hoje temos, com o vertiginoso encolhimento do Ministério da Justiça ocorrido após a saída de Moro, um governo Saci Pererê, que se equilibra em uma só perna, ainda na esperança da realização das reformas estruturais na nossa economia.
Agora, com Paulo Guedes mandando recados diretos e claros para o presidente, sentimos a possibilidade de um desembarque total do Ministério da Economia.
Se isso ocorrer, o estelionato eleitoral estará efetivamente consumado em duas áreas vitais para a sociedade brasileira, e não saberemos o que ainda restará para que os eleitores do presidente tenham alguma esperança de mudanças positivas e substanciais para o Brasil.
Ao fim e ao cabo, o bolsonarismo demonstra que não defende grandes projetos, reformas ou mudanças, mas nada além da estéril figura do presidente.