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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Deltan está sendo alvejado por ter atingido poderosos

Se conseguirem apear Dallagnol da condição de promotor natural na Força Tarefa de Curitiba, quem estará sendo atingido é a própria sociedade brasileira

Por Jorge Pontes
Atualizado em 15 ago 2020, 16h50 - Publicado em 15 ago 2020, 16h32

O Vem Pra Rua, movimento popular que tem como uma de suas agendas principais o enfrentamento à corrupção sistêmica, promoveu, neste sábado 15 de agosto, carreatas em diversas capitais do país, em defesa da Operação Lava Jato e de suas conquistas e realizações.

Nos tempos atuais, quando reações maciças e avassaladoras são intentadas – por todo o establishment – contra a operação e seus principais atores, os movimentos de rua acabam funcionando como verdadeiros núcleos partisans, atuando atrás das linhas inimigas, e entrincheirados num front cada vez mais adverso, travando uma guerra assimétrica, por conta dos novos aliados que a frente inimiga da Lava Jato vem colecionando.

Pois bem, na próxima terça-feira, dia 18 de agosto, o Procurador da República Deltan Dallagnol será julgado pelo CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público, com possibilidades de ser afastado da Força Tarefa do MPF de Curitiba.

Importa ressaltar, por justiça, que não há a identificação de um só erro ou falha processual, na atuação de Deltan, que justifique esse processo.

Em contrapartida, a Lava Jato já é considerada a maior operação anti-corrupção do mundo, gerando – no curso de seis anos de sua existência – 600 réus, 285 condenações, 3.000 anos em penas de reclusão, dezenas de bilhões de Reais recuperados aos cofres públicos e, o mais importante: o início do fim da impunidade crônica do nosso sistema processual.

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O objetivo desse afastamento (anacronicamente provocado por senadores que foram alvos da Lava Jato) transcende e vai muito além do próprio Deltan.

Está meridianamente claro que o procurador está sendo alvejado pelos seus acertos, pelo sucesso que obteve ao atingir alvos poderosos. E o que se deseja com isso, na realidade, é promover uma punição exemplar para um membro do MPF que excedeu em destemor, profissionalismo e competência.

Ao punirem Deltan, estarão passando um recado claro e inequívoco a todos os presentantes do parquet. Trata-se de uma tentativa indisfarçada de “matar na origem” a possibilidade do surgimento de outros deltans.

Com esse desfecho trágico – que já se desenha para Deltan Dallagnol – quem tentaria, de peito aberto, com dedicação e seriedade, alvejar os poderosos de sempre?

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A Operação Lava Jato mostrou, a todos nós, que somos vilipendiados diuturnamente por uma estrutura criminosa formada por parte da elite política, e de uma oficialidade presente nos três Poderes da República, e em quadrantes do alto empresariado nacional, com cooptação e participação de inúmeros setores de suporte, que vivem das beiradas dos esquemas fraudulentos, em diversas áreas, esferas e níveis da sociedade.

Esse é de fato o grande capital da Lava Jato para o país: a consciência, a luz, sobre o mecanismo do crime institucionalizado e acerca dos seus principais operadores, hoje já totalmente descortinados e desmascarados.

Infelizmente, a distração momentânea causada pela polarização política, e incapacidade de reagirmos em relação à tragédia que já sabemos que nos ocorre, fala muito sobre nós mesmos e sobre o próprio caráter do nosso povo.

Temos que entender de uma vez por todas que se essas forças sombrias conseguirem apear Deltan Dallagnol da condição de promotor natural na Força Tarefa do Ministério Público Federal de Curitiba, quem estará sendo atingido é a própria sociedade brasileira, nos seus interesses e na sua legítima aspiração de viver num país livre do flagelo da corrupção sistêmica.

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