Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

‘No Man’s Land’: série faz um mergulho ousado na Guerra da Síria

Drama disponível no canal Starzplay acompanha o batalhão de mulheres curdas que enfrenta o Estado Islâmico

Por Isabela Boscov 27 nov 2020, 06h00

No cipoal às vezes indevassável das correlações políticas no Oriente Médio, um ramo brotado na década passada teve papel crucial em deter o avanço do Isis, ou Estado Islâmico, no território sírio: as YPG, ou “Unidades de Proteção do Povo”, braço armado do Partido da União Democrática Curda. Principais aliadas das forças americanas na Guerra da Síria, as YPG (que desde então foram abandonadas à própria sorte) arrancaram aos ultrafundamentalistas do Isis boa parte do terreno que eles controlavam no país, incluindo seu quartel-general, a cidade de Raqqa. Para tanto, tiveram a ajuda indispensável das YPJ, suas milícias femininas, odiadas em dobro pelo Isis, já que, nessa visão fanática, morrer pelas mãos de uma mulher fecha ao jihadista as portas do paraíso.

+ Compre o livro Dias de inferno na Síria: O relato do jornalista brasileiro que foi preso e torturado em plena guerra

No auge da guerra, as YPJ ganharam a atenção ocidental pelo seu destemor e por esse elemento tido como exótico, mas que derivava de uma necessidade muito palpável: perseguidas como etnia, e prestes ainda a cair sob a insana lei religiosa do Isis, as mulheres curdas viram por bem pegar em armas. São elas o foco principal de No Man’s Land (França/­Israel/Bélgica, 2020), cujo primeiro episódio acaba de estrear no Starz­play. Ou deveriam ser. Ao contrário de produções mais contundentes, como a sueca Califado, a série fica indecisa entre o autêntico e o familiar e adentra as YPJ por meio do protagonista de praxe — um homem europeu.

+ Compre o livro O Diário de Myriam: A guerra da Síria vista pelos olhos de uma menina

Antoine (Félix Moati), um jovem engenheiro parisiense, sente o chão fugir de seus pés ao assistir a um noticiário sobre as milícias curdas na Síria: ele poderia jurar que a figura lá ao fundo é sua irmã, a arqueóloga Anna (Mélanie Thierry), dada como morta alguns anos antes em um atentado a bomba no Egito. Os pais e a namorada de Antoine acham que ele está descompensando; o corpo de Anna foi identificado pelo DNA e pela arcada dentária, e não há a menor chance de que ela ainda esteja viva. A culpa pelos acontecimentos que levaram Anna a romper com a família e ir para o Cairo, porém, pesa sobre Antoine — que, em um repente, manda-se para a Turquia, e de lá para a Síria, seguindo as pistas da mulher que acredita ser sua irmã.

Continua após a publicidade

+ Compre o livro Kobane Calling: Ou como fui parar no meio da Guerra na Síria (quadrinhos)

Capturado por uma YPJ sob suspeita de ser apoiador do Isis, Antoine aos poucos vence a desconfiança das milicianas. Mais: como os outros europeus e americanos que lutam como voluntários junto delas, vai se enamorando de sua causa (e também de uma guerrilheira, Sarya, interpretada pela ótima Souheila Yacoub). Como o próprio espectador, porém, ele nem sempre sabe qual fio puxar nessa meada complexa, na qual se emaranham ainda um agente que pode ou não ser da Inteligência britânica (James Purefoy) e um trio de rapazes ingleses, dois deles de origem muçulmana, que aderiram fanaticamente ao Isis.

No panorama geral, No Man’s Land (ou “terra de ninguém”, como se designa a zona entre duas trincheiras inimigas) quer, e muitas vezes consegue, argumentar sobre a diferença nem sempre clara entre ter uma causa a defender e ser uma pessoa vulnerável ao recrutamento. Mas é pena que se preocupe muito mais com Antoine e Anna que com os outros personagens, e que use as YPJ como não muito mais que moldura para o drama deles. Esquecidas pelos ciclos do noticiário, elas são relembradas aqui — mas como coadjuvantes de um thriller, e não protagonistas de uma guerra.

Publicado em VEJA de 2 de dezembro de 2020, edição nº 2715

Continua após a publicidade

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR


Dias de inferno na Síria: O relato do jornalista brasileiro que foi preso e torturado em plena guerra

O Diário de Myriam: A guerra da Síria vista pelos olhos de uma menina

Kobane Calling: Ou como fui parar no meio da Guerra na Síria (quadrinhos)

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.