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Por Coluna
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A Autópsia

Uma morgue e pouquíssimos personagens – e um deles nem vivo está

Por Isabela Boscov Atualizado em 5 Maio 2017, 15h27 - Publicado em 4 Maio 2017, 16h01

Fã de terror tem que ter persistência: a gente enfrenta duas dezenas de filmes medíocres, ou iguaizinhos uns aos outros, até topar com algum que não seja uma completa perda de tempo. Mas quem gosta de terror (eu adoro) costuma achar que até as recompensas mais modestas valem a pena. A Autópsia é uma dessas: não chega a ser a última bolacha do pacote, mas tem originalidade e clima suficientes para entreter bem durante uma hora e meia. Dirigido pelo norueguês André Ovredal, do indispensável (para quem curte uma bagaceira bacana) O Caçador de Troll, o filme tem pouquíssimos personagens, e um deles nem vivo está. Brian Cox e Emile Hirsch são pai e filho que tocam um negócio há gerações na família – uma funerária que é também a morgue da cidadezinha em que eles moram, na Virgínia. Certa noite, um cadáver estranho vai parar lá: no porão de uma casa em que a polícia está investigando o massacre de uma família, descobre-se, meio enterrado no chão de terra, o corpo de uma jovem. Não parece haver nenhuma ligação entre ela e os crimes do andar de cima, mas o defunto é tão fora do comum que o xerife o despacha com urgência, já no meio da noite, para os legistas.

A Autópsia
(Diamond/Divulgação)

Por fora do comum, entenda-se: pele perfeita, sem nenhuma marca de trauma, violência ou doença, e nem de decomposição. Paradoxalmente, a jovem já saiu do rigor mortis, e seus olhos estão nebulosos – o que indica que pelo menos alguns dias já se passaram desde que a moça foi desta para a melhor. Quanto mais Austin (Hirsch) e Tommy (Cox) avançam na autópsia, mais complicadas e contrastantes as coisas ficam. No momento em que eles começam a examinar os órgãos do cadáver, aí o negócio fica sinistro mesmo. Quem tem nojo de cenas de necrópsia deve passar longe deste, porque Ovredal se diverte à beça explorando os detalhes tétricos do procedimento (quando a namorada de Austin pede para ver os corpos que estão na geladeira, ele recusa: “Há coisas que, uma vez vistas, não podem ser desvistas”, Austin explica, numa boa dica também para o espectador).

A Autópsia
(Diamond/Divulgação)

E é claro que, ao mesmo tempo, também ao redor dos dois legistas coisas perturbadoras acontecem. É uma noite de tempestade e a luz cai, sendo substituída pelo clarão bruxuleante que é o máximo de que o gerador antigo é capaz . O rádio falha e pára em estações estranhas. O gato anda cheio de arrepios. O elevador enguiça, e as geladeiras se abrem sozinhas. A casa é velha e range. Ou seja: A Autópsia é uma autêntica peça de câmara, que se ocupa de tirar o horror 1) do ambiente claustrofóbico 2) do elemento muito real proporcionado pelo sangue e pelas vísceras e 3) do elemento sobrenatural que pouco a pouco se insinua na trama (ou será que os protagonistas estão imaginando coisas)?. Há um exagero aqui, uma bobagem acolá, mas no geral Ovredal faz a história fluir com segurança de cada etapa para a seguinte, e usa muito bem o espaço escuro e labiríntico da morgue. Ou seja: para quem encara até aqueles terrores meia estrela da Netflix, A Autópsia é um alívio e tanto.


Trailer

A AUTÓPSIA
(The Autopsy of Jane Doe)
Estados Unidos, 2016
Direção: André Ovredal
Com Emile Hirsch, Brian Cox, Michael McElhatton, Ophelia Lovibond, Olwen Catherine Kelly
Distribuição: Diamond

 

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