O impacto da lista de Janot nas eleições de 2018
Felipe Moura Brasil comenta cenários para pré-candidatos incluídos e ausentes
1) Resumo:
2) Bolsonaro
– Recebimento pelo STF em 2016 de denúncia contra Bolsonaro feita pela ativista Ela Wiecko, flagrada em ato petista que resultou em sua exoneração da PGR, não o impede de se candidatar em 2018. É só para arranhar sua imagem.
(* Relembre o artigo deste blog: “Ela x Bolsonaro – A verdadeira história de uma denúncia“.)
– Crimes contra paz pública e honra, dos quais Bolsonaro é acusado por reagir à petista Maria do Rosário que o xingou de “estuprador”, não constam na lista da Lei de Ficha Limpa como passíveis de inelegibilidade por 8 anos.
– Só condenação com perda dos direitos políticos às vésperas da eleição poderia impedir Bolsonaro, mas, pela celeridade do julgamento e pela dureza desproporcional da pena, seria ativismo ainda mais escancarado do STF.
(* Relembre aqui no blog: “Bolsonaro diz que 2º lugar em pesquisa para 2018 ‘não é surpresa’“; “Bolsonaro, Caiado e 2018“)
3) Tucanos
– Presença na lista de Janot dos tucanos Geraldo Alckmin (que será investigado pelo STJ), Aécio Neves e José Serra, além de Aloysio Nunes e Bruno Araújo, é mais um motivo para a eventual candidatura de João Doria em 2018.
– Doria foi eleito prefeito de São Paulo com um discurso à direita do PSDB, impõe sua pauta em vez de reagir à do PT, confronta Lula como o velho tucanato jamais confrontou e tem o nome limpo na praça. É um combo eleitoral.
– Obstáculos para Doria, além do mandato recém-iniciado, são ambições presidenciais (e ciúmes) de Alckmin e Aécio, que preferem concorrer desgastados a abrir caminho para renovação do partido. Tucanismo sem fim.
– Na segunda-feira (13), um dia antes da lista de Janot, Doria reafirmou seu apoio a Alckmin para 2018, mas disse que “não há nada irreversível ou imutável exceto a morte”. É cedo ainda, mas Janot pode ter revertido o quadro a seu favor.
(* Relembre aqui no blog: “Tucanos se distinguem mal do PT“.)
4) Marina
– Marina Silva, é verdade, tampouco está na lista de Janot. Mas Marina Silva não está em lugar algum. Aliás, esta é a sua melhor estratégia. Relembro meu comentário de março de 2016 e outros que já o lembravam:
– No começo de 2017, Marina decidiu dar algumas entrevistas. Coincidentemente, caiu nas pesquisas.
5) Lula e Dilma
– Pedidos de Janot para investigar Lula e Dilma Rousseff, que felizmente não têm foro privilegiado, serão enviados ao juiz Sérgio Moro, cuja agilidade para julgar e condenar é bem maior que a do STF. Bem-vinda à Curitiba, querida.
– Presença de Lula na lista de Janot pode até não lhe tirar votos de sua base eleitoral, mas tende a aumentar ainda mais seu índice de rejeição, que, variando entre 44% e 65% nas pesquisas, é o maior entre os pré-candidatos.
– Em outras palavras: quem não votaria em Lula no 1º turno, mas ainda considerava a hipótese de votar nele no 2º, pode passar ao grupo dos que jamais votariam no petista, à medida que se ampliam frentes de investigação contra ele.
– Réu em 5 processos, Lula, ao contrário de Bolsonaro, poderá ficar inelegível pela Lei da Ficha Limpa, se for condenado em 2ª instância pela Justiça. Se for só na 1ª antes da eleição, seria um fardo ainda maior para a campanha.
(* Relembre aqui no blog: “Lula é acusado de ter praticado crimes 234 vezes“.)
– A julgar pelos vinte gatos pingados que acompanharam Lula em seu depoimento como réu em Brasília, no qual posou de “vítima de massacre”, a mortadela está pouca para arregimentar a massa.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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