Enquanto Lula não é preso, Brasil perde graça para os EUA
Circo da eleição americana diverte muito mais que Estado no atoleiro e pré-delações
Cobertura nacional e internacional em tuitadas:
1.
– É reta final e Donald Trump segue na briga, ao contrário do que previram “especialistas”. A despeito de quem vença, meu blog já ganhou. Obrigado.
– Se houvesse cobertura da eleição americana na TV em vez de torcida, se houvesse análise em vez de demonização, ninguém estaria surpreso.
– A disputa acirrada às vésperas da votação era inimaginável para jornalistas da grande mídia. Ainda que Hillary Clinton vença, o jornalismo já perdeu.
– Não há problema na preferência íntima de repórter e pública de comentarista por um(a) candidato(a). Problema é isto distorcer notícia e análise.
– Do colunista Chris Cillizza, no Washington Post: “Sim, Trump pode vencer. Aqui estão 4 mapas que provam isto“. São quatro cenários hipotéticos de vitória por estados. Apertada, mas possível.
– CNN: “Trump pode vencer? Sim. Aqui está como ele poderia conseguir.”
Can Donald Trump win?
Yes.
Here’s how he could pull it off https://t.co/YonYK4AFrN pic.twitter.com/Ur6A6GNS37
Continua após a publicidade— CNN (@CNN) 4 de novembro de 2016
– Até CNN teve de admitir que Trump pode vencer. Comento há meses que o nível dos ataques da emissora contra o candidato mostrava exatamente isto.
– A gente sabe que bateu o desespero quando Barack Obama e Hillary Clinton tentam vincular Trump à Ku Klux Klan.
– CBS News: “A eleição ainda não chegou, mas alguns líderes republicanos já estão falando sobre ‘impichar’ Hillary Clinton”. Se precisarem de dicas sobre impeachment, estamos aí.
– Eis a lista de crimes de Hillary Clinton segundo Rudy Giuliani, ex-promotor federal e ex-prefeito de Nova York. Eis a diva do jornalismo brasileiro:
– Lula é suspeito de receber propina de empreiteiras em troca de contratos públicos durante seu governo. Hillary é suspeita de prestar favores a empresas e governos quando era secretária de Estado em troca de “doações” à Fundação Clinton. Investigada pelo FBI, a Fundação Clinton é a versão americana do Instituto Lula e da empresa de palestras do petista. Só trouxa acredita que essa gente visava combater a fome no mundo.
– Em e-mail vazado pelo site WikiLeaks, um operador chamado Doub Band revela que Bill Clinton colocou 30 milhões de dólares no bolso desde que saiu do governo só em livros, palestras e consultorias. As mensagens indicam o tráfico de influência no Departamento de Estado da era Hillary em favor da Fundação Clinton e do ex-presidente. Lula costumava citar as palestras de Bill Clinton para se defender das acusações de que as suas foram forjadas para encobrir pagamento de propina. Era o sujo usando o mal lavado como álibi.
– Fontes no FBI vazaram à Fox News que a investigação da Fundação Clinton pode render um indiciamento e que o servidor privado de e-mail de Hillary foi hackeado pelo menos 5 vezes por agências de inteligência estrangeiras. Não basta para os Clinton o toma-lá-dá-cá. É preciso, também, colocar o país em risco.
– Fontes do Wall Street Journal revelaram ainda que o Departamento de Justiça comandado por Loretta Lynch colocou uma severa pressão sobre o FBI para abortar a investigação da Fundação Clinton. Detalhe: Loreta é a ministra da Justiça com quem Bill Clinton, que a havia indicado para um posto importante em seu governo, encontrou-se “por acaso” em um avião pouco antes de que a primeira investigação do servidor privado de e-mail de Hillary fosse – adivinhe – abortada pelo diretor do FBI, James Comey. Teriam eles conversado sobre tricô como talvez Dilma Rousseff e Ricardo Lewandowski no famigerado encontro secreto em Portugal?
– Os comerciais da campanha de Trump sobre os escândalos da Fundação Clinton e dos e-mails de Hillary – agora novamente investigados após novas provas serem encontradas – estão absolutamente precisos:
After decades of lies and scandal, Crooked Hillary’s corruption is closing in. #DrainTheSwamp! pic.twitter.com/YivCacmkKq
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 2 de novembro de 2016
#CrookedHillary is unfit to serve. pic.twitter.com/bSuGvInNF1
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 3 de novembro de 2016
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– Do ator James Woods: “Para onde o #BlackLivesMatter desapareceu? Eu acho que eles [militantes raciais do movimento que vinha vandalizando nas ruas] não estavam servindo tão bem para render votos. Hillary e [o bilionário financiador da esquerda mundial George] Soros devem tê-los tirado da folha de pagamento.”
– Incêndio com pichação pró-Trump em igreja de negros no momento em que FBI investiga Hillary e Fundação Clinton é “coincidência” sim… Aham.
– Com mais de 1 neurônio, você sabe que qualquer ataque racial com dizeres pró-Trump tem maior probabilidade de ter sido plantado por adversários.
– Mídia repercutiu igualmente tumultos em atos de campanha de Trump. Vídeos mostraram que foram plantados por operadores do Partido Democrata.
– No Brasil, “autoataques” para culpar adversários e demonizá-los como extremistas intolerantes se tornaram comuns, como vocês devem lembrar.
– Por ignorância dos meios da guerra de informação e por torcida contra Trump, imprensa nem sequer cita possibilidade de ataque ser plantado.
– A suposta tática diversionista brasileira de promover ataques virtuais contra celebridades negras tem sua versão mais hollywoodiana nos EUA.
– O jornal LA Times cortou laços com um repórter freelancer que comentou no Twitter que queria “ver a vida de Donald Trump acabar”. O antitrumpismo é só amor. Mas isto, obviamente, você não vê na TV.
– Vou deixar os rituais satânicos ou de magia negra descritos nas mensagens da equipe de Hillary, bem como as acusações virtuais de pedofilia envolvendo os Clinton, para outra oportunidade. É bizarrice demais para um post só.
2.
– Perto dos EUA, o Brasil está sem graça. Estado e estados inchados patinam no atoleiro; Dias Toffoli alivia barra de Renan Calheiros pedindo vista no julgamento que pode impedir réu na linha de sucessão presidencial; ex-ministro petista Antônio Palocci vira réu; etc. Enquanto Lula não é preso e a delação da Odebrecht não leva ao tal fim do mundo, o noticiário de verão dá sono.
– Pacote de medidas do estado do Rio de Janeiro extingue programas sociais e corta secretarias. Restaurantes populares também vão acabar, a menos que sejam absorvidos pelos municípios. Pois é. Não existe almoço grátis.
– Equilíbrio fiscal só virá em 2022 e 2023, diz secretário de Fazenda do Rio. Foram anos aumentando gastos como se a conta não fosse aparecer um dia.
– Quem celebrou quando um governo populista lhe deu mais dinheiro dos impostos alheios deveria refletir sobre a crise que não quis ver chegar.
– Como escrevi em julho na “Carta aberta de introdução ao Brasil“:
“(…) Embora os brasileiros já trabalhem 5 meses só para pagar impostos, os gastos se tornaram muito maiores que a arrecadação porque, em 13 anos, o governo populista do PT inchou o Estado brasileiro sem se precaver contra um cenário de crise.
Da mesma forma que o estado do Rio de Janeiro aproveitou momentos de bom desempenho da arrecadação impulsionados pela alta do petróleo para elevar gastos permanentes, o governo federal aproveitou a boa arrecadação impulsionada pela alta das commodities exportadas pelo país para fazer o mesmo com servidores, aposentados, ministros e beneficiários de programas sociais.
Com a queda do preço do barril do petróleo e a paralisação de obras da Petrobras no estado em função da descoberta da corrupção, o Rio ficou em penúria financeira e acabou decretando estado de calamidade pública às vésperas das Olimpíadas de 2016.
Com a queda do preço das commodities e a paralisação de obras da Petrobras em todo o país, o Brasil mergulhou em crise política e econômica e passou a enfrentar a pior recessão de sua história, com mais de 11 milhões de desempregados. (…)”
Resultado: discussões intermináveis sobre cortes daqueles gastos que nunca deveriam ter sido feitos abundam no noticiário soporífero brasileiro e crimes fiscais como a manutenção no exterior de dinheiro não declarado são anistiados com multa para aliviar rombo das contas públicas e talvez a barra de políticos que, no embalo, ainda querem a anistia pela prática de caixa dois em eleições passadas. É o efeito dominó da malandragem.
– A empresa Gamecorp, de Lulinha, não pagou duas taxas obrigatórias para o setor de radiodifusão, relativas a 2014, num total de R$ 509,46. Esse negócio de pagar o que é imposto é para cidadão trabalhador. Petista rico gosta mesmo é de impor que os outros paguem.
– Revista pautada pelo comandante máximo lamenta em nome do pobre povo resultado das eleições em que o pobre povo escorraçou o PT. Ok. Ainda há graça no Brasil.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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