É um dia histórico para o Brasil!
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acolheu o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.
O presidente da Câmara anunciou em entrevista coletiva que deu aval à representação ingressada no dia 21 de outubro pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal e que foi endossada por partidos de oposição.
A decisão veio justamente após o PT contrariar o Palácio do Planalto e anunciar que seus três deputados no Conselho de Ética votarão pela continuidade da ação que pode resultar na cassação do mandato de Cunha como deputado federal.
Retaliação? Ele diz que não, claro.
“Não tenho nenhuma felicidade de promulgar esse ato. E não o faço por questão de natureza política”.
Ok, Cunha. A felicidade fica por nossa conta.
Com o anúncio quase simultâneo à aprovação do texto-base da nova meta fiscal, que legitimou o crime das pedaladas por 46 votos a 16, o peemedebista ainda ofuscou a vitória do governo no Congresso.
O peso político da deflagração do processo de impeachment é infinitamente maior que o da aprovação da nova meta, de modo que ele veio na hora certa para impedir o governo de respirar.
A alegação de que Dilma cometeu crime de responsabilidade em 2015 foi por água abaixo, o que torna um pouquinho mais difícil derrubá-la, mas a pressão da sociedade sobre os parlamentares tende a crescer exponencialmente, reforçada pelos índices desastrosos da economia brasileira.
Como o julgamento é político, não depende essencialmente de provas, bastando que a oposição reúna os votos necessários para – nas palavras do senador Magno Malta – “espremer o tumor” nacional.
(Veja o passo a passo do processo – AQUI.)
O PT sacrificou Dilma para salvar Lula (ou Lula mandou sacrificá-la para salvar a si próprio) e a própria imagem do partido, que ficaria ainda mais arranhada caso os petistas defendessem na votação – remarcada para a próxima terça-feira – o adversário que demonizaram durante o ano quase inteiro.
Agora, o partido poderá reunir os 171 (emblemáticos) votos para legitimar o mandato de Dilma, absolvendo-a no processo, ou chutá-la de vez, sem fazer muito esforço.
No primeiro caso, naturalmente repetirá que Cunha deflagrou o “golpe” por vingança pessoal e não tem legitimidade nem autoridade moral para fazer o que fez contra uma presidente eleita pelo voto de milhões de brasileiros e blá-blá-blá.
No segundo, fará a mesma coisa, mas só por automatismo e, no fim das contas, teatro.
Se Dilma cair, o PT finalmente terá um discurso de oposição e, cinicamente, como de hábito, atribuirá aos sucessores a crise que seu próprio governo criou.
Com o foco das atenções voltado para Dilma, Lula ainda poderá ganhar um certo alívio em meio a tantas investigações em seu entorno – mas cuidaremos, claro, para que isto não aconteça.
Parabéns a todos que lutaram pacificamente por este dia histórico para o país – e para este blog.
Pra cima deles, Brasil!
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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