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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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‘Desculpe a pergunta: você tem HIV’?

Onze dias depois de me tornar voluntária, a dúvida: e se tudo não passou de paranoia da minha cabeça e eu tomei um placebo?

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 nov 2020, 10h24 - Publicado em 29 nov 2020, 10h18

Falei pela primeira vez com o doutor Luis Augusto Russo, pesquisador principal do estudo clínico do qual sou voluntária, em um dia particularmente nebuloso. Era 8 de setembro e pela primeira vez em quase 20 anos o Brasil não tinha atingido a meta de vacinação para crianças de até um ano. Eu explico a ele minhas intenções de ser voluntária na pesquisa por um imunizante contra a Covid, peço muito que me aceite no projeto dele e, sim, maldigo os movimentos anti-vacina que teimam em se manter vivos apesar da suposta evolução da humanidade.

“Desculpe a pergunta: você tem HIV?”, me questiona de supetão o doutor Russo.

17 de novembro, 13h24. Estou acomodada na clínica onde tomarei a vacina experimental, no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Ensaio para ver se as minhas mãos tremem de nervoso. Tudo sob controle. Me servem um café e sou levada para uma consulta presencial com o doutor Russo. Se for aprovada nos questionamentos, aí sim tomarei a vacina. Uma lista infindável de questionamentos – até o dia exato em que menstruei pela primeira vez há quase 30 anos ou se vivo ou já vivi em uma aldeia – e um grande histórico sobre doenças familiares e cirurgias que fiz no passado.

“Você tem HIV?”. Era a segunda vez que me perguntavam. Não tenho, mas o senhor já quis saber isso antes, respondo. Protocolo, ele retruca, e explica que soropositivos também podem ser voluntários em pesquisas clínicas (é até desejável que sejam, já que também serão vacinados contra a Covid quando os fármacos ficarem prontos). Mas eles não poderiam participar daquela fase dos estudos. Pessoas com doenças crônicas e maiores de 60 anos seriam aceitas da segunda fase dos testes clínicos da Janssen-Cilag.

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15h02: Sou orientada a fazer um exame de gravidez antes de receber a vacina. E, sim, um exame de sangue para ver se não tenho mesmo HIV. Testei negativo para os dois, como esperado. Eram exigências para continuar o procedimento como voluntária: não pode estar grávida porque a Organização Mundial da Saúde (OMS) não sabe se gestantes com Covid-19 podem transmitir o vírus ao feto e, se o paciente for soro-positivo, tem de entrar em uma lista específica de voluntários.

28 de novembro: 11 dias depois de tomar minha dose única da vacina experimental da Janssen, pego exames de um grande checkup que decidi fazer após me tornar voluntária. Queria saber se havia sobrevivido bem à quarentena mesmo com os exageros gastronômicos a que me dei o direito. Tudo dentro dos padrões. Os exames não indicaram nenhuma anomalia que justificasse os momentos de medo, somatizações e pontadas no seio que tive nos últimos dias. Volto a ter minhas dúvidas: e se tudo não passou de paranoia da minha cabeça e eu tomei um placebo?

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