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Pintando o sete

Como transformar cada década de vida em uma idade de ouro

Por Lucília Diniz
22 jul 2021, 16h58

O número sete exerce certo fascínio sobre a humanidade. Pessoalmente, sempre preferi o 11, considerado o número perfeito, da intuição e da sensibilidade aguçadas e que sempre me trouxe muita sorte. Mas é inegável que o sete está em toda parte: são sete os pecados capitais, as vidas de um gato, os palmos debaixo da terra, ou o número de chaves que guardam os segredos valiosos. Desde tempos imemoriais, várias culturas destacam o dígito.

Shakespeare deu contribuição decisiva para entronizar o sete na cultura ocidental. Numa de suas peças de sucesso, a comédia “Como quiserem”, ele lista as sete idades do homem. “O mundo é um grande palco”, escreve o bardo, onde os atores interpretam sete atos: a infância inocente, a adolescência marcada pelo aprendizado, a juventude que desfruta do vigor físico, os anos do auge, a plena maturidade, a fase da sapiência e o declínio final da velhice.

Na comparação do mundo a um palco, de sete atos seria esperado apenas um brilho? Haveria uma única chance para o sucesso pessoal, familiar e profissional? Depois disso, cairia o pano? A ciência nos diz que não.

A infância e adolescência podem até ser os períodos em que o corpo mais se desenvolve. É quando aprendemos a andar, a nos comunicar, a socializarmos. Em seguida, com os hormônios em alta, experimentamos o pico da criatividade e ousadia. Mas a ideia de que o cérebro esteja maduro aos 25 anos é ultrapassada. As habilidades cognitivas seguem se desenvolvendo por toda a vida.

Também não confere a percepção de rápido declínio da aptidão física. Isso é verdade apenas para atletas profissionais, para quem qualquer perda de fibra muscular afeta a performance. Mas para o restante da população – nós todos, que não buscamos a glória olímpica – isso é irrelevante. O declínio físico é real, sim, mas não ocorre antes dos 40 anos, e mesmo assim é compensado pela disciplina mental e maior equilíbrio emocional, que seguem evoluindo. Maratonistas, por exemplo, atingem seu pico de performance aos 31 anos. E em corridas de 100 milhas (160 quilômetros), a melhor idade está entre 37 e 38. Nestas provas, como se sabe, a capacidade de resistir vale tanto quanto a velocidade. Exatamente onde a força mental faz toda a diferença.

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A chamada meia idade não é senha para ladeira abaixo. É fato que, a partir daí, a pele perde elasticidade e a gordura se concentra na cintura. Mas, depois de uma queda na satisfação com a vida, a felicidade pessoal costuma aumentar no final desta década e no início da próxima. Exercícios físicos que respeitem os limites do bom senso devem continuar a ser praticados. Se bem monitorados, são ainda mais benéficos do que os realizados no auge da forma física. Treinos de força melhoram a locomoção em qualquer faixa etária.

Tudo isso deixa claro que cada década de vida pode ser considerada uma idade de ouro, de uma forma ou de outra. Ter 70, 80, 90 anos não é mais, como nos tempos de Shakespeare, um fator de limitação. O poeta, de qualquer maneira, estava apenas querendo dizer que é importante prestarmos atenção a cada instante da vida. Seu conselho, por trás da dura descrição, é que devemos procurar viver plenamente, sem deixar os preciosos dias escorrerem desperdiçados.

Se vivesse hoje, Shakespeare certamente concordaria que qualquer idade é boa para pintar o sete.

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