Oito cidades sediam encontros de usuários do Google Glass, enquanto San Francisco ganha campanha contrária ao equipamento
O Google Glass ainda está longe de ser um dispositivo ao alcance da maioria dos mortais, mas mesmo assim seu uso já tem gerado uma série de debates em várias cidades. Para quem não conhece o projeto, são óculos que têm no lugar da lente uma espécie de tela, interface para o computador instalado em […]
O Google Glass ainda está longe de ser um dispositivo ao alcance da maioria dos mortais, mas mesmo assim seu uso já tem gerado uma série de debates em várias cidades. Para quem não conhece o projeto, são óculos que têm no lugar da lente uma espécie de tela, interface para o computador instalado em uma das hastes. Com funções semelhantes a de um smartphone, ele tem capacidade de filmar, fotografar, postar em redes sociais, mandar mensagens e fornecer indicações de rotas e informações sobre lugares em tempo real. Para acionar esses comandos, basta usar a própria voz, o que permite que as mãos fiquem livres para dirigir ou carregar compras, por exemplo. As orientações são dadas em mapas que se sobrepõem ao que está sendo exibido na tela-lente naquele exato momento.
O ponto alto do produto é também a razão de uma série de críticas: por ser discreto, prático e não demandar manuseio, é possível usá-lo sem que boa parte das pessoas ao redor se dê conta do que você está fazendo. Para muitos, trata-se de uma forma muito eficiente de invadir a privacidade alheia. Se hoje com os smartphones já é difícil saber quando estamos sendo fotografados, filmados ou identificados em redes sociais, com o Google Glass a situação tende a piorar.
Por conta disso, alguns estabelecimentos decidiram proibir a entrada de usuários do Glass. O engenheiro de software Daen de Leon, residente de San Francisco, iniciou a campanha “Glasshole-free” (algo como local livre dos babacas de óculos), para mapear endereços da cidade onde o equipamento não é bem-vindo. Cinemas, teatros e bares estão entre os adeptos. Nas palavras de Leon, o intuito não é causar um apartheid tecnológico, mas assegurar a privacidade dos frequentadores.
Com todo esse barulho, seria possível imaginar que o uso do equipamento já está bem disseminado nos Estados Unidos. Nada disso. Apenas cerca de 6 000 pessoas têm em casa um desses, todas elas residentes dos Estados Unidos. O grupo, chamado pelo Google de desenvolvedores, foi especialmente selecionado para participar dessa fase de testes mediante o pagamento de 1500 dólares (a taxa dá direito a lentes de óculos escuros para serem acopladas na armação). Esporadicamente a empresa tem aceito novos participantes, mas no momento não há mais vagas.
Oito cidades americanas promoveram no último sábado um encontro entre os desenvolvedores, a “Glass Night Out”. A turma dos óculos se reuniu em Boston, Los Angeles, Madison, Milwaukee, Nova York, Orlando, Palo Alto e Washington para trocar experiências e avaliações. A principal queixa comum foi a duração da bateria, de cerca de trinta minutos. Muitos criticam o design do aparelho, ao que o Google já anunciou ter encomendado à fabricantes de óculos Ray-Ban um novo desenho.
Há boatos de que a próxima geração do Glass será capaz de fazer reconhecimento facial e transmitir imagens em streaming, o que a empresa nega. Seja como for, já há nas ruas uma nova forma de ver e viver as cidades.
Acima, os cinquenta estados americanos pelas lentes do Glass
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