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Editorial do Estadão: Mar de vilanias

Sem nenhuma checagem dos fatos, o poste de Lula acusou o general Hamilton Mourão de ter sido torturador durante o regime militar

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h13 - Publicado em 25 out 2018, 13h59

Campanha eleitoral é a ocasião para que o eleitor conheça candidatos e propostas e decida, de forma livre e responsável, o seu voto. No entanto, a campanha de 2018 teve outro conteúdo e finalidade. Faltou conteúdo e abundaram, especialmente na reta final do segundo turno, baixeza, maledicência e desinformação.

Faltando menos de dez dias para o segundo turno, o eleitor teve de assistir a um baixo golpe publicitário. Um vídeo antigo, gravado meses atrás, em que Eduardo Bolsonaro fazia molecagem com o Supremo Tribunal Federal (STF), foi transformado em prova de uma suposta conspiração antidemocrática. Em vez de tratarem o episódio por seu valor real – um travesso fazendo graça com o que não entende e, principalmente, bancando ter um poder que nunca teve e jamais terá -, autoridades caíram na farsa eleitoral e vieram a público proclamar inflamadas defesas do Poder Judiciário, como se a Suprema Corte estivesse sob ameaça. Deram importância e valor à irresponsabilidade do filho de um candidato, como se ele fosse o delfim de França.

Nas vezes em que o STF e outros órgãos públicos foram de fato ameaçados – como quando foram cercados e, em alguns casos, invadidos por milícias do MST -, não se ouviu nenhum clamor advertindo que “ameaçar o Judiciário era ameaçar a democracia”. Ao contrário, houve quem aplaudisse a ousadia, como se as ações de violência fossem o suprassumo da participação democrática.

Ao eleitor foi apresentado ainda o deplorável vídeo de um tal Carlos Alves, um desconhecido coronel da reserva, no qual, entre agressões verbais, ofendeu e ameaçou a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber. Uma vez que há inequívoca materialidade e autoria do crime contra a honra da ministra Rosa Weber, bastava processar criminal e civilmente o desatinado aposentado. No entanto, o caso recebeu dimensão hollywoodiana, com pedidos de abertura de inquéritos e juras de uma exaustiva investigação, como se Carlos Alves não fosse apenas e tão somente um ex-servidor público de pijamas e como se o tosco vídeo pudesse revelar um complexo esquema para a tomada do poder.

O eleitor viu também o candidato do PT, Fernando Haddad, repassar notícia falsa, porque a suposta informação desmerecia o seu oponente. Sem nenhuma checagem dos fatos, o poste de Lula acusou o general Hamilton Mourão de ter sido torturador durante o regime militar. Confrontado com a verdade, Haddad nem pediu desculpas. Pôs a responsabilidade pelo que disse em outros – “eu dei ao público uma informação que recebi de fonte relevante”, como se mentira vinda de mentiroso verdade fosse.

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Outro caso de baixaria na campanha eleitoral ocorreu em Porto Alegre. Há duas semanas, uma jovem afirmou ter sido agredida por três homens, que teriam marcado em sua pele a suástica nazista. O caso teve grande repercussão, pois a agressão teria sido motivada pelo fato de a jovem portar um adesivo de uma bandeira do arco-íris com a inscrição “Ele Não”, em referência ao candidato Jair Bolsonaro. Agora, a Polícia Civil afirma se tratar de um caso de autolesão.

A coroar o show de horrores da campanha, na terça-feira passada foi divulgado pelas redes sociais um vídeo de uma orgia sexual, em que um dos participantes seria supostamente o candidato do PSDB ao governo paulista, João Doria. Apesar de ser uma evidente falsificação, a peça pornográfica foi massivamente compartilhada.

A marca da baixaria e da sordidez ficará na história da campanha eleitoral de 2018. Numa absurda repetição daquilo que de mais nefasto a política nacional já produziu, o eleitor foi insistentemente agredido, ludibriado e manipulado. Apesar das promessas prévias de autoridades, que formaram grupos de trabalho e comissões para combater as fake news, em vez de ser o grande protagonista do processo eleitoral, o cidadão foi convertido em vítima indefesa, em espectador passivo de um grotesco tormento, que algumas autoridades e comentaristas ainda insistem em chamar de espetáculo cívico.

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