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Editorial do Estadão: Jogando contra

Há um profundo fosso existente entre o Congresso e a realidade do País. A cada votação, o erário sai mais lanhado

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h24 - Publicado em 2 jul 2018, 13h34

Seria ingenuidade acreditar que, em ano eleitoral, o Congresso fosse se dedicar com afinco a aprovar medidas de ajuste fiscal, geralmente tidas como impopulares. Mas o que está acontecendo na atual legislatura vai muito além da natural prevalência de interesses eleitoreiros em época de campanha; trata-se de verdadeira ofensiva contra os cofres públicos, que se realiza não apenas por meio de sabotagem das iniciativas do governo com vistas a equilibrar as contas, mas também em razão da aprovação de mais e mais benefícios a organizados grupos de pressão. Tudo isso no embalo do enfraquecimento do governo, cuja imensa e irracional impopularidade serve de pretexto para todo tipo de iniciativa oportunista ─ inclusive por parte de governistas ─ destinada a desmoralizar o imprescindível saneamento das contas.

Na semana passada, a Câmara concedeu benefícios para empresas transportadoras, mesmo depois que o governo aceitou conceder R$ 13,5 bilhões em renúncias fiscais para os caminhoneiros, como resultado da greve da categoria. O impacto desse privilégio adicional ainda não foi calculado. Além disso, o Senado aprovou decreto legislativo que permite a venda direta de etanol das usinas para os postos de combustível, driblando as distribuidoras, o que deve gerar grandes perdas tributárias. Não à toa, esses movimentos do Congresso estão sendo chamados de “farra fiscal” por membros da equipe econômica.

Ao mesmo tempo, os deputados e senadores estão dificultando ou adiando a aprovação de projetos de interesse do governo, como o que facilita a venda das deficitárias distribuidoras da Eletrobras, com a qual se espera economizar R$ 20 bilhões, e o que autoriza a Petrobras a vender até 70% das áreas de cessão onerosa na Bacia de Santos, o que poderia render até R$ 100 bilhões aos combalidos cofres nacionais.

“Não há dúvida de que a questão eleitoral neste momento é importante”, admitiu o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, responsável pela articulação entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Marun tenta transmitir otimismo, mas não há nada no horizonte do Congresso que autorize qualquer esperança. Ao contrário: aparentemente, mesmo entre governistas, parece haver uma disposição cada vez maior de bravatear independência em relação ao governo, abraçando projetos contrários aos planos da equipe econômica.

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“Acho que desandou um pouco”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. O parlamentar reconhece que o Congresso parece ter “esquecido” os profundos problemas fiscais do País. Mansur citou especialmente os generosos descontos para endividados do Funrural e para micro e pequenas empresas em novo Refis, concedidos pelo governo depois de muita pressão do Congresso. “Teve mais renúncia do que deveria ter”, afirmou o deputado.

Tudo isso tem passado na frente dos projetos considerados prioritários pela equipe econômica, que competem não apenas com o oportunismo dos parlamentares, mas com a Copa do Mundo, as festas juninas, o recesso de julho e, finalmente, a eleição de outubro. Não se imagina que o governo tenha força para enfrentar tamanhos obstáculos e aprovar seus projetos ─ ou, pior, para barrar os variados pleitos por mais e mais benefícios fiscais.

Essa situação escancara, como se ainda fosse necessário, o profundo fosso existente entre o Congresso e a realidade do País. A cada votação, o erário sai mais lanhado. Não há discussão séria sobre os impactos das decisões tomadas pelos parlamentares, num padrão de comportamento que se verifica desde a formulação da Constituição ─ que, como se sabe, criou uma série de despesas obrigatórias, engessando o Orçamento e travando o desenvolvimento do País. Como lembrou o senador José Serra em recente artigo no Estado, pouco importa o formidável estoque de leis e regulamentos disponíveis para exercer o controle fiscal se, na outra ponta, os representantes dos eleitores escolhem aprofundar os gastos públicos sem que haja a correspondente fonte de recursos ─ numa afronta à mais elementar das regras de gestão econômica de um país.

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