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‘A economista-presidente’, um artigo de Carlos Alberto Sardenberg

Publicado no Globo desta quinta-feira CARLOS ALBERTO SARDENBERG Talvez fosse o caso de incluir na Constituição brasileira uma cláusula de barreira especifica: economista não pode ser presidente da República. E acho que os economistas brasileiros, na maioria, concordarão ao menos provisoriamente com essa discriminação. Ocorre que não raro os governos precisam mudar a política econômica. […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h52 - Publicado em 5 dez 2013, 15h40

Publicado no Globo desta quinta-feira

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Talvez fosse o caso de incluir na Constituição brasileira uma cláusula de barreira especifica: economista não pode ser presidente da República.

E acho que os economistas brasileiros, na maioria, concordarão ao menos provisoriamente com essa discriminação. Ocorre que não raro os governos precisam mudar a política econômica. É relativamente fácil: coloca-se a culpa no ministro da Fazenda, demite-se o titular e se convoca outro quadro, alinhado com uma diferente doutrina.

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Guido Mantega, por exemplo, desde a primeira reunião ministerial do governo Dilma, em janeiro de 2011, vem prometendo crescimento do PIB superior a 5% ao ano, com inflação na meta de 4,5%. Dizia que a nova política garantiria esses extraordinários resultados. Bom, estamos fechando o terceiro ano do governo ─ e o melhor que ele poderá entregar será crescimento na média de 2%, com inflação de 6%.

Hora de mudar, não é mesmo?

Aí está o problema da presidente Dilma. Economista, ela tem ideias firmes, tem lado (o do nacional-desenvolvimentismo) e aplica sua doutrina.

Observem as declarações da presidente, em entrevista ao jornal Valor Econômico, em março de 2011:

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“Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano…. A meta (de inflação) é de 4,5% e nós vamos perseguir 4,5%. Tem banda para cima, banda para baixo, mas nós sempre tentamos, apesar da banda, forçar a inflação para a meta até tê-la no centro.”

Quando colocada diante da tese, ortodoxa, digamos, segundo a qual não seria possível, ao mesmo tempo, crescer 5% e trazer a inflação para a meta, a presidente retrucou:

“Tem um artigo interessante escrito pelo Delfim, a respeito de que não existe uma lei divina que diz que a taxa de crescimento será de 3% e que a inflação será de 6%. Eu acho que isso é adivinhação… Vamos mostrar que não, isso não está dado e… e que depende da gente.”

De fato, a adivinhação não estava certa. A inflação de 2011 não foi levada para a meta de 4,5%. Deu 6,5%, no limite máximo da banda. E o crescimento não foi de 3%, mas de 2,7%…

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Não era mesmo possível forçar a queda dos juros, para estimular o crescimento, e derrubar a inflação. Mas o governo conseguiu fazer pior: derrubou o crescimento e elevou a inflação.

Tem mais: nos foros internacionais, a presidente deu lições de recuperação econômica, criticando todos os governos que optavam pelo ajuste das contas públicas. Em especial, deu uma bronca em Angela Merkel, que impunha a ortodoxia em toda a Europa. Justificava assim sua política de forte expansão do gasto público para turbinar o crédito e o crescimento.

Também não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio.

Dizem os economistas que é preciso insistir em qualquer política econômica, dar tempo para que faça efeito. É o que Dilma fez. Mas, agora, com o país entrando no quarto ano de crescimento baixo e inflação alta, com deterioração das contas públicas e externas, a mudança se impõe.

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A presidente até está tentando fazer isso. Por exemplo, os juros voltaram a subir, devem passar dos atuais 10%. E ela tem prometido aperto nas contas públicas.

Mas há dois problemas aí. Um, que o pessoal não acredita que a mudança é para valer. Faz sentido: uma política mais ortodoxa vai contra a vontade, as ideias e a determinação da presidente, que explicitou tudo de maneira muito clara. Segundo, como essa mudança de rumo é mesmo de má vontade, acaba sendo feita pela metade e mal executada.

Um corte de gastos aqui, um aumento ali. O Banco Central sobe os juros, mas o governo manda o BNDES, a Caixa e o Banco do Brasil emprestarem mais dinheiro a juros baratos.

Eis o problema da economista-presidente. Se a política fosse apenas do ministro Mantega, era só demiti-lo e colocar no seu lugar alguém tipo Palocci (o Palocci ministro da Fazenda do primeiro mandato de Lula) ou tipo Henrique Meirelles.

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Mas se a presidente Dilma fizer isso, a dúvida vai aparecer imediatamente: será que ela mudou mesmo de opinião e admite isso? Rasgou os livros?

E falta de confiança, todos sabemos, é o veneno que mata qualquer política econômica.

Previsões?

A presidente deu uma informação errada quando, na semana passada, disse que o PIB de 2012 seria corrigido de crescimento de 0,9% para 1,5%. Na terça, o IBGE de fato corrigiu, mas para 1%, quase nada.

Comenta o jornalista João Borges, da Globonews: “O governo, que já errava as previsões sobre o futuro, agora também erra as previsões sobre o passado”.

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