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“Nunca desconfiei que meus pais fossem espiões russos”, diz jovem cuja história inspirou a série The Americans

Em junho de 2010, o FBI, a polícia federal americana, executou mandados de prisão em algumas cidades dos Estados Unidos e prendeu dez espiões russos que viviam infiltrados na sociedade americana há anos. Eles levavam um cotidiano comum ao de qualquer família de classe média local, trabalhando, levando os filhos na escola e assistindo a jogos […]

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 22h32 - Publicado em 11 jun 2016, 08h33
Conspiração

Alex e Tim Foley, que nasceram no Canadá, mas cujos pais eram espiões russos (Arquivo Pessoal)

Em junho de 2010, o FBI, a polícia federal americana, executou mandados de prisão em algumas cidades dos Estados Unidos e prendeu dez espiões russos que viviam infiltrados na sociedade americana há anos. Eles levavam um cotidiano comum ao de qualquer família de classe média local, trabalhando, levando os filhos na escola e assistindo a jogos de beisebol. Tudo isso, porém, não passava de um disfarce — eles usavam identidades falsas — para fazer contatos com gente importante, conseguir informações confidenciais ou simplesmente servir de mediadores para mensagens secretas para seu real empregador, o serviço secreto russo. Para os fãs de séries de TV, a descrição acima se parece muito com o enredo de The Americans. Não é um acaso. A história da prisão dos espiões serviu de inspiração para os roteiristas da série, especialmente o caso da família Foley (na verdade, Vavilov), a única que tinha filhos adolescentes.

O rosto mais famoso desse grupo de espiões, que foram trocados por agentes duplos a serviço dos Estados Unidos detidos na Rússia, era o da bela e jovem Anna Chapman. De volta ao seu país, Chapman fez ensaio sensual para uma revista masculina e fundou sua própria grife de roupas. Mas a história mais interessante é a dos filhos adolescentes da família Foley/Valivov, que nada sabiam sobre a vida dupla dos pais. Até recentemente, eles se mantinham longe dos holofotes e procuravam resguardar a sua privacidade. Já haviam sofrido o suficiente com a mudança brusca de vida. O jornalista Shaun Walker, correspondente em Moscou do jornal britânico The Guardian, conseguiu quebrar o silêncio dos jovens e entrevistou-os para a reportagem que pode ser lida neste link. O motivo: os dois, que nasceram no Canadá, perderam a cidadania do país depois que se descobriu que seus pais eram agentes estrangeiros nos Estados Unidos (eles moraram no país vizinho durante anos para construir a identidade falsa). E querem provar que isso é um injustiça.

A espiã que veio do frio

A espiã Anna Chapman em ensaio para uma revista masculina russa

Alex Foley (agora Alexander Vavilov), tem 21 anos. Tim, Timofei no novo passaporte russo, 25. Alex tinha 16 anos e Tim, 20, quando o FBI entrou na casa em que viviam em Cambridge, Massachussetts, para prender seus pais. A polícia levou os irmãos para um quarto de hotel enquanto uma minuciosa perícia, que durou 24 horas, era realizada em sua casa. Até o Playstation dos irmãos foi levado pela polícia. Eles acreditavam que os pais tinham sido vítimas de uma injustiça. Mas, quando tiveram o direito de visitá-los na cadeia, não tiveram coragem de perguntar se as acusações eram verdadeiras, pois temiam que essa revelação pudesse ser usada contra eles em um julgamento.

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Por pura coincidência, a família havia planejado uma viagem de turismo à Europa antes da prisão, que incluía visitas à França, à Turquia e, pela primeira vez, à Rússia. No encontro na cadeia, a mãe-espiã sugeriu que os filhos fizessem a viagem sozinhos para fugir dos holofotes da imprensa nos Estados Unidos. Quando eles desembarcaram em Moscou, foram recebidos por um grupo de pessoas que se apresentaram como “colegas” dos pais e mostraram fotos deles jovens, na Rússia, em uniformes militares. “Foi então que eu pensei: ‘ok, então é tudo verdade’”, disse Alex em entrevista a Walker. Os pais de Alex e Tim era realmente integrantes do Departamento S, o programa de agentes infiltrados mais secreto da KGB, o serviço secreto soviético, e que havia sido mantido após a queda da União Soviética. Além de roubar informações confidenciais do governo americano, a função desses espiões era a de funcionar como células adormecidas que poderiam ser ativadas no caso de uma guerra entre as duas potências. Coisas da Guerra Fria. Nos dias seguintes, os irmãos receberam visitas também de um tio, de alguns primos e de uma avó — pessoas que eles nunca tinham visto na vida.

Tudo isso foi, obviamente, uma grande surpresa para os irmãos. Alex achava que seus pais tinham uma vida entediante. Nunca poderia imaginar que Donald Heathfield e Tracey Foley (ou Andrei Bezrukov e Elena Vavilova, os nomes verdadeiros de seus pais) comunicavam-se com Moscou por meio de códigos escondidos nos pixels de fotos postadas online. Ocorre que suas identidades já haviam sido descobertas pelo FBI em 2001 e eles vinham sendo monitorados desde então. Supõe-se que as autoridades americanas decidiram prendê-los porque o agente russo que os traiu, Alexander Poteyev, havia fugido de Moscou, aparentemente porque sua colaboração com os americanos havia sido descoberta.

Andrei e Elena falavam pouco da própria infância com os filhos. Evidentemente, o objetivo era evitar que eles desconfiassem que os pais não eram canadenses. No Natal, os garotos recebiam presentes supostamente enviados pelos avós, que, segundo contavam os pais, viviam em uma cidade muito afastada do Canadá. Às vezes, eles recebiam fotos dos avós em meio à neve — que poderiam ter sido clicadas tanto na Sibéria quanto numa paisagem canadense.

Em tempo: Alex e Tim já tentaram assistir à série The Americans, mas nunca conseguiram terminá-la. As lembranças das dificuldades psicológicas que enfrentaram quando descobriram a verdade sobre os pais são muito dolorosas. Já os pais, disse Alex, adoram o programa.

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