“Pegue a garrafa pet. Recicle e todos vão se sentir bem sobre isso”, diz uma das campanhas americanas a favor do plástico, que se espalham pelas redes sociais. Durante essa semana, as informações positivas pipocam como posts espontâneos. Por exemplo, cachorros fofos aparecem bebendo água de uma garrafa pet, em uma situação trivial da vida, mas mostrando como são indispensáveis. As embalagens surgem como um grande avanço, um conforto para a sociedade. Por mais espontâneas que pareçam, essas manifestações vêm com um aviso de serem patrocinadas. Mas o nome do sponsor não aparece. Apesar do anonimato, as informações coincidem com as do documento publicado no início do ano pela The National Association for PET Container Resorces (NAPCOR), que reúne os principais representantes da indústria americana do plástico. Trata-se quase de um manual sobre as possibilidades de reutilização e dos benefícios dos objetos de poliuretano.
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A campanha surge em um momento crucial. Nesta semana, 160 países discutem como diminuir esse tipo de lixo, na Coreia do Sul, onde acontece o Comitê de Negociações Intergovernamentais (sigla em inglês, INC-5). Trata-se da quinta reunião e provavelmente a última para acertar os termos de um documento que tem um desafio imenso: impedir que o mundo continue nessa escala de produção que atualmente chega a 430 milhões de toneladas por ano. Se não houver freio, esse volume deve triplicar até 2060. E o pior de tudo isso é que apenas 9% desse lixo é reciclado. Mesmo que esse montante aumentasse, nem todo tipo de plástico é reciclável. Uma garrafa pet pode demorar mais de 400 anos para desintegrar.
A indústria petroquímica não quer limites. Obviamente prefere continuar em um futuro de lucro sem fim. Na última reunião, que aconteceu em Otawa, nos EUA, dois representantes desse grupo, China e Arábia Saudita, se opuseram aos objetivos do comitê. Mas o mundo deu alertas, que não comporta mais tanto plástico. O fundo dos oceanos abriga algo em torno de 2 milhões de toneladas de sacolas plásticas, embalagens e similares. Animais sufocam com esse lixo ou simplesmente comem pedacinhos dele, afetando também a saúde dos seres humanos. De acordo com a ONU, os nanoplásticos são encontrados no solo, na água e no ar. Estudos apontam que causam asma, irritações, tosse obesidade e doenças cardíacas.