ONU redige acordo internacional para redução do lixo plástico
Quinta rodada de negociações (e provavelmente a última) reúne delegados de 175 países para fechar tratado, na Coreia do Sul
Vários dos delegados que estavam na Convenção do Clima da ONU (COP 29), encerrada no último fim de semana, fizeram as malas e foram para a Coreia do Sul para mais um desafio ambiental: a quinta e provavelmente última reunião do Comitê de Negociações Intergovernamentais (sigla em inglês, INC-5) sobre a redução do lixo plástico no mundo. No último encontro, em Otawa, a reunião não conseguiu chegar a um documento, porque a diminuição do descarte desse material implica em corte de produção, o que não agrada países petrolíferos como China e Arábia Saudita.
“A diminuição da poluição plástica passa por muitos interesses econômicos”, diz a advogada ambiental Renata Franco, que participou da COP 29. “A sustentabilidade financeira sempre interfere na estratégias de preservação ambiental.” O INC-5 foi criado justamente para redigir um tratado internacional, que altere os atuais padrões de produção e descarte de plástico. A primeira reunião aconteceu em 2022, em Punta del Este, no Uruguai, com representantes de 160 países e a decisão pelo fim da poluição plástica foi a aclamada como a mais importante desde o Acordo de Paris. “Precisamos melhorar a reciclagem e o desperdício de material, mas se não diminuirmos a produção e consumo, não seremos capazes de lidar com o descarte daqui a dez anos”, disse Anne Beathe Tvinnereim, a primeira ministra internacional do desenvolvimento, da Noruega, ao jornal britânico The Guardian.
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O problema é grande. Se continuar nesse ritmo produtivo, o lixo plástico vai triplicar até 2060. Metade deve acabar em aterro e apenas um quinto será reciclado. Atualmente o material faz parte das soluções industriais de todas as áreas, desde o segmento alimentício até o da construção. O mundo produz 430 milhões de toneladas por ano. Apenas 9% é reciclado. Dois milhões de toneladas já foram parar nos oceanos, matando animais e afetando a saúde humana. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, calcula que o custo anual ambiental é de US$ 1,3 trilhão –o mesmo valor negado pelos países desenvolvidos, durante a COP 29, para o mundo cumprir as metas do Acordo de Paris e mitigar os impactos já em curso do aquecimento global.