Brasil é o maior “sujão” dos mares da América Latina
Novo relatório da ONG Oceana chama atenção para a poluição plástica, a segunda maior ameaça da biodiversidade do planeta e grande risco à saúde
A maioria dos brasileiros esquece do lixo assim que o coloca na porta de casa para a coleta pública. Mas isso tem que mudar. O descarte irregular de plásticos nos mares é a segunda maior ameaça ambiental do planeta, perdendo apenas para a mudança climática, de acordo com a Organização das Nações Unidas. Dados fresquinhos da ONG Oceana colocam o Brasil na liderança dos sujões do planeta. O país é campeão latino-americano e está entre os 10 mais poluidores do globo. Nesse ranking, ocupa o 8º lugar.
O Brasil despeja aproximadamente 1,3 milhões de toneladas de plástico nas águas, em peso, seria o mesmo que afundar 1,3 milhões de carros pequenos ao ano. O volume é grande, porém na perspectiva global representa apenas 8% do que todos os países despejam. O plástico é um problema universal. A reciclagem absorve apenas 9% desse lixo no mundo e no máximo 4% no Brasil.
Animais em risco
A poluição plástica causa morte de bichos. Estudos apontam que 1 500 espécies são impactadas. Estima-se, por exemplo, que 100 mil pássaros e mamíferos morram anualmente por ingerir sacolas plásticas. Batizado de “Um Oceano Livre de Plásticos – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil”, o estudo alerta que o plástico, quando ingerido por animais marinhos, leva à desnutrição, diminuição da imunidade e até à morte, além de expor os organismos a compostos químicos nocivos. No caso das tartarugas-verdes, por exemplo, cada grama de plástico ingerido aumenta em 450% o risco de definhamento.
O plástico que comemos
E como o ser humana se alimenta de animais, o microplástico já faz parte da dieta humana. Ele é encontrado em 9 das 10 espécies de peixes mais consumidos globalmente. No Brasil, essa contaminação foi detectada também nos vertebrados que vivem nos riachos da Amazônia. praticamente todos que foram analisados (98%) continham plástico no intestino e nas brânquias. Tudo isso faz dessa contaminação uma questão de saúde pública.