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Bioeconomia atrai incentivos para gerar renda e manter a floresta em pé

Cooperativa de produtores de açaí ilustra como um produto da biodiversidade pode proteger a riqueza natural

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2022, 16h02 - Publicado em 13 jul 2022, 17h27

No início de julho, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) anunciaram o investimento de 40 milhões de reais em dois editais para o Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI. O valor será destinado a projetos que promovam soluções aos entraves enfrentados na estruturação ou que fortaleçam as cadeias produtivas baseadas na biodiversidade brasileira.

No mesmo mês, um acordo entre a Empresa Brasileira de Inovação Industrial (EMBRAPII) e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM) foi firmado com o objetivo de “estimular projetos empresariais de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para a exploração econômica sustentável da biodiversidade amazônica”. As iniciativas fazem parte de um movimento para fomentar soluções que gerem mais valor à floresta em pé.

Um exemplo que mostra como uma cadeia de um produto da biodiversidade pode gerar renda para comunidades tradicionais é o da cooperativa Amazonbai, localizada no Arquipélago do Bailique, no Amapá. Fundada em 2017, áreas produtivas foram certificadas com o selo FSC de manejo sustentável em 2016. Em dezembro de 2021, a Amazonbai inaugurou uma agroindústria em Macapá, capital do estado, com capacidade de processar e beneficiar até dois mil litros de açaí por dia.

Na década de 90, a geração de renda se dava principalmente pela exploração de palmito, que estimula a derrubada de árvores. Com a valorização do açaí no mercado internacional, manter a floresta em pé se tornou mais rentável e trouxe benefícios econômicos e sociais para os produtores locais.

Para o presidente da Amazonbai, Amiraldo Picanço, da mesma forma como o açaí trouxe melhorias para as comunidades, há outros produtos que podem ser explorados comercialmente, como andiroba, pracaxi e pescados. “A nossa floresta é riquíssima. O potencial é enorme. Quando a gente olha para as áreas de manejo, não olhamos só para o açaí, temos um olhar de diversidade de potenciais econômicos dentro da floresta”, disse.

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De acordo com um estudo feito pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), a oportunidade econômica para produtos de base biológica complementarem ou substituírem materiais convencionais pode chegar ao valor de 7,7 trilhões de dólares até 2030 para produtos feitos a partir de resíduos de alimentos e rações (excluindo o uso final desses produtos) e energia em dez indústrias.

Com a agroindústria, os cooperados da Amazonbai deram mais um passo em direção ao controle da cadeia de produção do início ao fim. Até então, eles precisavam vender o açaí para um intermediário que transforma o fruto em polpa. Agora, a cooperativa pode vender o produto diretamente ao cliente final.

A certificação do manejo foi mais um fator que contribuiu para o crescimento dos negócios. Para Bruno Castro, coordenador de certificação do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), certificador autorizado pelo FSC, o processo ajuda a tirar da informalidade muitas situações de trabalho de extrativismo e a melhorar os processos internos de cooperativas e produtores. 

“O selo também diferencia o produto de forma internacional. Ele exige que o produtor cumpra a legislação e vá um pouco além. É o mínimo necessário e, para se diferenciar, é preciso fazer um pouco a mais”, explicou. Atualmente, a Amazonbai tem o apoio de três empresas italianas que decidiram investir em projetos comunitários que mantêm estoques de carbono e a certificação foi um critério analisado para receber os recursos.

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“Enquanto muitos produtores agem na ilegalidade de forma intencional, há vários que trabalham da forma correta há muito tempo. Infelizmente, às vezes os dois grupos são colocados no mesmo balaio. A certificação traz um reconhecimento da diferenciação de quem sempre fez certo e acaba por carregar a fama de quem faz errado”, disse Castro.

O edital público e as parcerias firmadas para estimular a bioeconomia nos biomas brasileiros têm o objetivo não só de reduzir o desmatamento, mas também de melhorar a qualidade de vida das pessoas que integram essas cadeias. Com incentivo e investimentos, é possível desenvolver cadeias econômicas sustentáveis e que gerem benefícios para aqueles que mantêm a floresta em pé.

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