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Os bastidores da chegada dos Beatles ao iTunes

Por The New York Times
17 nov 2010, 12h21

Poucas horas depois de seu lançamento, os álbuns dos Beatles dispararam nas paradas do iTunes. Mas muitos analistas se perguntam se a entrada deles no mundo do download não chegou tarde demais para causar uma revolução

Depois de anos de negociações paralisadas, o esforço para trazer a música dos Beatles para a era dos downloads finalmente caminhou no dia 14 de julho – o Dia da Bastilha. Naquele dia, Roger Faxon, presidente-executivo da EMI, a gravadora dos Beatles, se reuniu em seu escritório de Londres com Jeff Jones, diretor da Apple Corps, que representa os membros da banda e seus herdeiros. Ambos são executivos relativamente novatos em seus empregos, e cada um tinha uma motivação para o acordo.

A EMI, lutando com sua dívida, precisava de receitas, e Jones – que já começara a empurrar a Apple Corps para a era digital com o bem-sucedido videogame The Beatles: Rock Band – estava ansioso para romper com o modelo da gestão anterior. Suas negociações secretas, sob o nome código de “Bastilha”, levaram ao lançamento do catálogo dos Beatles no iTunes. “Nós chamamos o projeto de ‘Bastilha’, e depois de ‘a revolução'”, disse Faxon.

Para a EMI, os Beatles e a Apple Inc – e, sobretudo, Steven Jobs, o executivo-chefe da Apple – lançar a música dos Beatles on-line foi algo conquistado a duras penas. Mas ao longo dos anos isso também se tornou uma das mais longas histórias curiosas do mundo da música, um conto de conflitos de egos, mudanças corporativas, minúcias de contratos e desacordos filosóficos sobre o valor intrínseco da música digital. Até mesmo os integrantes dos Beatles zombaram da demora para o negócio ser concluído. “Estou contente porque vou parar de ser questionado sobre quando os Beatles chegarão ao iTunes”, disse Ringo Starr num comunicado.

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Na terça-feira, sete anos e meio e 10 bilhões de downloads depois que a Apple abriu sua loja iTunes, os 13 álbuns originais dos Beatles, além de três coletâneas e um box, foram colocados à venda. As faixas individuais custam 1,29 dólares; os álbuns, 12,99 dólares; duplos (como o Álbum Branco), 19,99 dólares e o box, 149,99 dólares. Cada pacote inclui documentários em vídeo, e o box oferece Live at the Washington Coliseum, 1964, um filme do primeiro show da banda nos Estados Unidos.

“Estamos muito animados em levar a música dos Beatles para o iTunes”, disse Paul McCartney em uma nota para a imprensa. “É fantástico ver as músicas que lançamos originalmente em vinil receber tanto amor no mundo digital tal como aconteceu na primeira vez.” Os termos do acordo não foram divulgados, mas em acordos padrão com gravadoras a Apple fica com 70% do preço da venda e paga royalties. Um beneficiário da venda dos Beatles seria o espólio de Michael Jackson, que detém metade do catálogo da Sony/ATV, a editora da maioria das canções. É provável que a editora recolha cerca de 9 centavos de dólar por música vendida.

Depois do anúncio, a indústria da música foi sacudida com teorias sobre a demora do acordo. A Apple Corps só tinha resolvido sua ação mais recente sobre a marca da Apple Inc em 2007, por exemplo, e só no ano passado o iTunes começou a vender músicas por mais de 99 centavos de dólar. Mas a explicação mais simples pode ser apenas as novas direções da EMI e da Apple Corps. Faxon, 62 anos, foi chefe da lucrativa unidade de publishing da EMI antes de assumir o comando da divisão de discos, em junho. Fazer o acordo digital para os Beatles foi uma de seus primeiras iniciativas.

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“Pode parecer fortuito”, disse Faxon, sobre o tempo do acordo. “Mas acho que era a hora de os Beatles chegarem à era digital.” Faxon negou com veemência a teoria de que a dívida da EMI foi o que o motivou a fazer o acordo. Jones, 54 anos, também é relativamente novo no mundo dos Beatles. Ele assumiu a Apple Corps em 2007, substituindo Neil Aspinall, um amigo de infância de McCartney e George Harrison, que tocou os negócios dos Beatles por décadas. (Aspinall morreu em 2008.)

Como antigo chefe do selo de reedições da Sony, o Legacy, Jones trabalhou nas principais reedições das obras de Bob Dylan, Miles Davis e outros. Pessoas que trabalharam com Jones o descrevem como um executivo talentoso que entende como usar o bom gosto e a rentabilidade para explorar catálogos musicais valiosos. “Jeff é perito em misturar pragmatismo com o fluxo de criação e marketing”, disse Paul DeGooyer, vice-presidente da MTV, que foi produtor executivo de The Beatles: Rock Band. “Ele sabe instintivamente o que procurar e como apresentar isso ao consumidor.”

Poucas horas depois de seu lançamento, os álbuns digitais dos Beatles dispararam nas paradas do iTunes. No final da tarde, Abbey Road era o 12º colocado e o Álbum Branco, o 15º. Mas muitos observadores e analistas se perguntam se a entrada dos Beatles no mundo do download não chegou tarde demais para causar uma revolução.

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