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‘Mark Zuckerberg não é o novo Bill Gates’

Para o escritor e empresário do meio digital, os bilhões do Facebook ainda são apenas dinheiro virtual. Ele também dispara contra Julien Assange, do WikiLeaks – 'um marketeiro mal penteado' –, e a TV 3D, uma tecnologia 'inútil'

Por James Della Valle
26 jan 2011, 07h10

Com um bigode digno de vilões de desenho animado e pose de comediante, o escritor e empresário britânico Ben Hammersley tem um trabalho duplamente invejado por milhares de aficionados em tecnologia. O primeiro motivo: ele é editor especial da edição britânica da revista Wired, uma das referências da área. A segunda razão: aos 34 anos, viaja o mundo em busca de novidades que vão virar tendência nas mãos e lares dos consumidores. Além do bigode, Hammersley alimenta outra característica marcante: a língua afiada, que não poupa personagens e tecnologias de sua rigorosa avaliação. Na entrevista a seguir, concedida durante a visita do britânico à edição brasileira da Campus Party, na semana passada, Hammersley critica a tese que compara Mark Zuckerberg, chefão do Facebook, a Bill Gates, a mente por trás da Microsoft. Ele diz que Julien Assange, do WikiLeaks, é apenas um campeão de marketing mal penteado e reduz a quase nada a TV 3D, uma das apostas da indústria digital. Confira a seguir a conversa com Hammersley, que divide seu tempo na Wired com as atividades de diretor da agência de publicidade digital Six Creative, de CEO da companhia multidisciplinar Dangerous Precedent, e de presidente da Campus Party nos Estados Unidos.

No último ano, Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, foi apontado como o “novo Bill Gates” pela edição americana da Wired. Você concorda? Ele não é o novo Bill Gates, mas também não é apenas um novo bilionário. Bilionários “originais” – como o próprio Gates – fizeram dinheiro vendendo produtos. Eles fazem carros, ou outros itens, e os vendem. Zuckerberg criou uma rede com grande potencial para o lucro. Mas nós ainda não a vimos gerar dinheiro. Seus bilhões ainda são virtuais, imaginários. Seria interessante ver como ele pode transformar isso em dinheiro real. Todos nós nos lembramos do MySpace, por exemplo, ou do Friendster. Pensávamos que eles seriam a grande sacada, mas eles se tornaram quase nada.

O que faz o Facebook ser tão poderoso atualmente? Ainda é muito cedo para dizer. O sistema operacional Windows, de Bill Gates, faz sucesso há muitos anos, enquanto o site de Zuckerberg tem cinco anos. Como disse, ainda não é dinheiro real.

O CEO do Facebook virou modelo para os jovens? Vamos ver pequenos “Zuckerbergs” correndo por aí com suas empresas? Sim, absolutamente! Não necessariamente fazendo a mesma coisa, mas veremos novas indústrias surgindo pelas mãos dessas pessoas. É importante lembrar que a internet popular tem apenas 600 finais de semana de idade: ela é muito jovem e todos os dias podem aparecer pessoas com novas ideias.

Quanto a Julian Assange, criador do Wikileaks, ele também é um herói da era digital? Não, não acho. Ele é muito bom em marketing pessoal, além de passar bom tempo em sites de relacionamento amoroso e exibir um penteado muito feio.

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O vazamento de documentos secretos do governo americano pelo Wikileaks merece todo o destaque que teve? Ainda é cedo para avaliar a história dos vazamentos, mas não acho que os dados vazados são tão importantes quanto o pessoal do Wikileaks quer nos fazer crer. Na verdade, o que eles fizeram é bem simples. Eu ficaria realmente impressionado se eles conseguissem informações secretas do governo iraniano, chinês ou russo.

Seu trabalho é correr o mundo para descobrir o que há de novo na área de tecnologia. Qual seu palpite sobre as TVs 3D? Eu as acho completamente inúteis. Deve haver um mercado que atinge consumidores mais jovens e com muito dinheiro, mas, para mim, a maioria das TVs funciona como um papel de parede: você as deixa ligadas enquanto faz outras coisas, como ficar sentado no sofá com seu notebook. A TV 3D requer os óculos especiais, que obrigam você a ficar ali, concentrado o tempo todo. Não é atrativa o suficiente e não é tão interessante.

E os tablets: 2011 será o ano desses dispositivos? Definitivamente. É a terceira onda da computação. Tablets são fantásticos para grupos que não costumam utilizar os computadores tradicionais. Todos amam o iPad – até bebês e gatos. Na Grã-Bretanha, editoras já criam aplicativos para bebês de três meses – e eles adoraram o aparelho.

Qual é a próxima grande tendência para 2011? Eu realmente não sei! Se soubesse, não estaria aqui sentado falando com você: estaria trabalhando nela agora para ganhar dinheiro! (risos)

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