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Facebook: ‘Busca social quer dar respostas, não listas de links’

Gerente de marketing de produtos da rede social dá detalhes da nova ferramenta. Objetivo é, no limite, tomar o lugar das buscas do Google

Por Diego Sieg
18 jan 2013, 23h06

Em algum ponto da trajetória do Facebook, surgido em um dormitório de estudantes da Universidade Harvard, em 2004, Mark Zuckerberg, criador, CEO e timoneiro da rede social, intuiu que o serviço deveria se tornar uma espécie de internet dentro da internet. Ou seja, seu objetivo é assumir tal utilidade que seus adeptos não precisem deixar o ambiente por nada, ou quase nada. Na semana passada, Zuckerberg subiu ao palco, em uma apresentação envolta em mistério na Califórnia, para dar mais um passo naquela direção: lançou o Graph Search, chamado Busca Social no Brasil. A ferramenta aprimora o precário sistema de busca no interior da rede: agora, o usuário pode demandar pesquisas relativamente complexas, que vasculham de uma só vez conteúdos compartilhados na rede por seus amigos e oferecem um resultado organizado – por ora, as informações são relativas a pessoas, fotos, interesses e lugares. Se a aposta estiver certa e o serviço funcionar a contento, o mecanismo pode incentivar muitos usuários a, no limite, trocar os buscadores da web pela busca social: saem as listas de links mais relevantes, entram os conteúdos postados por amigos. Trata-se de uma aposta tão alta que Zuckerberg classificou a busca social como o terceiro pilar da rede, ao lado da timeline (página principal do perfil, onde estão as publicações do usuário) e do news feed (em que o usuário acompanha as atualização de seus amigos). Na entrevista a seguir, Kate O’Neil, gerente de marketing de produtos do Facebook, fala sobre o desenvolvimento da busca social, que consumiu mais de um ano de trabalho, avisa que ainda não há prazo para que o serviço seja oferecido aos brasileiros e, sem citar o Google, deixa claro que, aos olhos do Facebook, a busca social vai mesmo brigar com o gigante de buscas: “Se eu usar a busca social, vou obter como resposta não uma relação de links relevantes, mas exatamente o que procuro: a resposta.”

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Afinal, o que é a busca social do Facebook? Como ela vai funcionar para o usuário? A busca social é um recurso que permite ao usuário da rede descobrir novas informações dentro do Facebook. Com a ferramenta, é possível ver tudo o que os seus contatos na rede compartilharam com você, por meio de pesquisas simples e ágeis. O produto ainda está na fase beta (de testes, procedimento comum em serviços digitais), o que significa que será aprimorado nos próximos meses.

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Qual a diferença entre a busca social e as buscas a que estamos acostumados a fazer no Google, por exemplo? A principal diferença é que a busca social nos apresenta como resposta uma lista única e completamente personalizada de resultados. Essa lista é limitada pelas configurações de privacidade que cada um dos contatos do usuário adota na rede. Um exemplo sobre os dois modos de busca nos ajuda a compreender os contrastes entre eles. Imagine que, da Califórnia, eu faça uma pesquisa em um buscador da internet acerca de um parque nacional; ao mesmo tempo, uma amiga em Nova York faz a mesma pesquisa, lançando mão das mesmas palavras-chave. Obteremos, como resultado, relações de links muito semelhantes, ordenados pela relevância que o buscador dá aos endereços. Agora, imagine que eu faça a seguinte busca social no Facebook: “Meus amigos que visitaram o Rio de Janeiro”: vou obter uma resposta completamente diferente da que você obteria digitando a mesma sentença. Isso acontece porque nossos amigos na rede são diferentes e porque eles compartilham suas informações de maneira diversa na plataforma. Isso faz com que os resultados de busca nunca sejam iguais. Se eu usar a busca social, vou obter como resposta não uma relação de links relevantes, mas exatamente o que procuro: a resposta.

Na sua visão, qual a principal inovação da busca social? Projetamos a ferramenta para ajudar os usuários a encontrar, de maneira muito simples, as informações realmente importantes compartilhadas na rede por seus amigos. De volta ao exemplo: nunca fui ao Rio, mas tenho diversos amigos que já visitaram a cidade e que compartilharam essa informação na rede. Até agora, não existia no Facebook uma maneira prática de descobrir quais dos meus amigos tinham visitado o Rio: para isso, eu teria que entrar na timeline do perfil de cada um e pesquisar tudo o que eles já fizeram. É uma tarefa inviável, tão trabalhosa quanto mandar um e-mail a cada um de meus contatos. Nós tínhamos que oferecer algo melhor a nossos usuários. Então, agora, basta digitar uma simples sentença no campo de busca, como “Meus amigos que visitaram o Rio de Janeiro”: isso vai gerar uma relação com os meus amigos que estiveram lá. O mesmo vale para outras pesquisas: “Fotos feitas no Brasil por meu amigos”, “Fotos feitas no Rio por meus amigos” e assim por diante.

O Facebook já tem um modelo de negócio para a ferramenta? É muito difícil especular sobre isso. Nosso objetivo é oferecer um serviço melhor, o que fará do Facebook uma ferramenta mais útil e aumentará o engajamento do usuário. Assim, ele passará mais tempo no site, interagindo mais com outras pessoas, empresas e propagandas. Em termos de publicidade, devemos incluir anúncios nas páginas de resultados de busca, mas não imediatamente. Deve-se levar em conta ainda que, com a busca social, marcas e empresas ganharão visibilidade. Antes, para descobrir se um amigo tinha curtido a página de uma marca, a Coca-Cola, por exemplo, você precisava ver a notificação no seu news feed. Outra maneira era entrar no perfil dele e procurar na timeline por essa ação. Agora, com a busca social, é possível encontrar marcas de maneira totalmente diferente. Posso fazer a seguinte busca: “Fotos postadas pela Coca-Cola” ou “Fotos de Coca-Cola que meus amigos curtiram”, além de “Fotos de restaurantes em Nova York” ou “Lugares em Nova York em que meus amigos jantaram”.

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A senhora disse que a expectativa é que os usuários fiquem mais tempo na rede. De quanto poderia ser esse acréscimo? Não temos esse dado. A busca social ainda funciona num modelo de testes, justamente para que possamos entender como as pessoas interagem com o novo produto. Afinal, trata-se de uma maneira bem diferente de as pessoas investirem seu tempo na plataforma, enquanto descobrem coisas.

Qual o desafio imposto pelo projeto? É um enorme desafio técnico para nosso time. Estamos trabalhando neste produto há mais de um ano. Como todos sabem, o Facebook tem hoje mais de 1 bilhão de usuários e recebe quase 1 milhão de novos adeptos ao dia. Então, para realizar a busca social, temos de enfrentar desafios como indexar todas as fotos disponíveis: diariamente, são mais de 300 milhões de imagens adicionadas à rede. Esse é apenas um pequeno exemplo do tipo de desafio de infraestrutura tecnológica com o qual temos de lidar para criar um produto tecnológico que atenda usuários de todo o mundo, sem criar dificuldades para eles.

A ferramenta explora recursos de web semântica, que “ensina” a computadores o significado de sentenças, e processamento de linguagem natural, que busca a compreensão automática de idiomas. Qual a complexidade desse trabalho? Até agora, o processo consumiu um ano e contou com um time muito maior do que aqueles com que estamos acostumados a trabalhar. Nosso objetivo sempre foi permitir que as pessoas possam fazer buscas da maneira mais natural, como se estivessem pensando ou falando. Assim, para encontrar “amigos que curtem encontros”, alimentamos o sistema com todas as possibilidade semânticas relacionadas e suas combinações. Tentamos prever ainda diversas construções gramaticais que permitam à interface responder de forma mais familiar ao usuário. E isso é um desafio enorme.

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Quando poderemos fazer buscas em português? Eu não tenho resposta a essa pergunta. O processamento de linguagem natural é muito mais complexo do que uma simples tradução do texto para outro idioma. Para empreender uma versão em português, nós precisamos conhecer a fundo a maneira como os brasileiros pensam e também como falam sobre determinados assuntos. E ainda existem diferenças em relação à língua usada em Portugal. O que queremos capturar neste produto é a maneira mais natural possível para que as pessoas possam utilizar em todo o mundo. No momento, estamos trabalhando para fazer o melhor possível em inglês. Depois disso, tentaremos ampliar.

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