Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Combate ao tráfico no Rio, uma operação para inglês ver’

A pedido de VEJA, o estudante de relações internacionais Guilherme Checchia, de 22 anos, escreve sobre a ocupação da Rocinha, no Rio

Por Da Redação
29 nov 2011, 12h50

Especialistas em história do Brasil asseveram que a expressão “para inglês ver” data do século XIX, quando o governo regencial – atendendo a pressões inglesas -, promulgou uma lei que proibia o tráfico negreiro, garantindo liberdade aos escravos. Na prática, não foi o que aconteceu: a regra nunca foi cumprida. Hoje, a história parece ser diferente: podemos nos orgulhar por viver em um país em que o estado faz a lei valer. Será mesmo?

Os últimos meses de 2010 foram aterrorizantes no Rio de Janeiro: veículos foram queimados em poucos dias após uma onda de ataques criminosos patrocinados pelo tráfico carioca. Com a iminência da realização de dois eventos esportivos grandiosos – Copa do Mundo e Olimpíadas -, montou-se uma megaoperação para “reconquistar” o Complexo do Alemão, região de treze favelas onde, segundo a polícia, estariam escondidos cerca de 600 traficantes, muitos deles considerados responsáveis pelos ataques. Criou-se um palco de guerra, com o uso de tanques do Exército, policiais civis e militares.

No dia da operação de ocupação do Complexo do Alemão, há um ano, o Brasil inteiro ficou atônito ao assistir ao vivo pela TV a uma fuga digna de um filme de Hollywood: centenas de traficantes saíam furtivamente para uma favela vizinha durante intenso tiroteio com a polícia. No dia seguinte, uma nova operação foi feita para prender os traficantes que escaparam do cerco militar. No fim, o resultado das operações foi quase um fiasco, com um volume pífio de traficantes detidos.

Há algumas semanas, foi a vez da operação militar desbravar um novo território, a Rocinha, considerada o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro. Na ocasião, a operação se repetiu: presença maciça da imprensa, tanques e apreensão por parte da população.

Continua após a publicidade

Aparentemente, todas as operações estrategicamente realizadas serviriam para reconquistar territórios, colocando, contudo, a prisão dos traficantes em segundo plano. Na prática, traficantes permaneceram soltos. Em resumo, continuamos fazendo “operações para inglês ver”.

As opiniões contidas neste texto expressam unicamente a visão de seu autor, não correspondendo obrigatoriamente aos valores de VEJA

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.