Durante anos, estudos tentaram obter alguma prova concreta da existência de antigos lagos em Marte. Pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, conseguiram nesta quinta-feira pôr fim a essa busca. Eles identificaram no Planeta Vermelho um longo e profundo cânion, além dos restos de uma praia. Segundo os cientistas, esses são resquícios de um lago que já existiu na superfície do planeta.
De acordo com os pesquisadores, esse lago pode ter possibilitado alguma forma de vida em Marte no passado, antes de ter secado. Eles ressaltam, porém, que não há qualquer prova de que tenha existido vida no planeta. Imagens da câmera High Resolution Imaging Science Experiment a bordo do satélite Mars Reconaissance Orbiter indicam que a água escavou um cânion de 50 quilômetros de extensão. O lago teria coberto uma superfície de 200 quilômetros quadrados, com profundidade de 450 metros.
Agora, é incontestável a existência de água em solo marciano. Além do estudo americano, robôs de exploração já haviam encontrado gelo na superfície do planeta. Também há provas de que a água ainda pode brotar do subsolo para a superfície, mesmo que rapidamente desapareça na fina e gelada atmosfera do planeta vermelho. “Essa é a primeira prova sem ambiguidades sobre linhas costeiras na superfície de Marte”, disse Gaetano Di Achille, que liderou o estudo. “A identificação das linhas e as evidências geológicas nos permitem calcular o tamanho e o volume do lago, que parece ter se formado há cerca de 3,4 bilhões de anos”.
O lago provavelmente evaporou, ou congelou após uma abrupta mudança climática, afirmaram os pesquisadores. Ninguém sabe o que fez Marte deixar de ser um planeta quente e úmido para se tornar o deserto gelado e sem ar que é hoje. “A pesquisa não prova apenas que houve um sistema lacustre de longa existência em Marte, mas nós podemos ver que o lago se formou após o período quente e úmido”, disse o professor assistente Brian Hynek.