A velocidade com que certos fenômenos digitais se alastram é uma fonte permanente de assombro. O caso do game Angry Birds, criado pela empresa finlandesa Rovio, é um dos exemplos mais marcantes. Desde dezembro de 2009, quando a primeira versão do jogo foi lançada para o iPhone, 1,7 bilhão de downloads foram feitos. Para efeito de comparação, a Nintendo levou 32 anos para vender 283 milhões de unidades dos jogos da série Mario, a mais bem-sucedida no segmento tradicional dos consoles. Alguém dirá que se pode baixar uma amostra do Angry Birds de graça e que o aplicativo completo custa menos de 1 dólar, ao passo que o preço de um game da Nintendo sempre foi dezenas de vezes maior. Mas isso não diminui o prodígio. O jogo dos pássaros sem asas e dos porquinhos verdes não se difundiu tão rapidamente apenas porque é barato, mas porque fez um uso inteligente de tecnologias e oportunidades – também elas novíssimas – como as telas sensíveis ao toque e a distribuição por lojas virtuais de “apps”. E eis que um novo ingrediente vem se somar a essa história de sucesso: no último ano, a Rovio conseguiu associar seus personagens a centenas de produtos. Fez parceria com a produtora de cinema Lucasfilm para desenvolver uma versão do jogo calcada na lendária série de filmes Guerra nas Estrelas, e também estampou seus passarinhos enfezados em cadernos, roupas, brinquedos, livros e desenhos animados (exibidos no Brasil pelo canal pago Gloob). Nunca uma desenvolvedora de jogos foi tão bem-sucedida nos licenciamentos: em 2012, eles responderam por 45% do faturamento da Rovio. “Nós somos um exemplo de como os games estão se movendo para o centro da indústria do entretenimento”, diz o principal responsável pela estratégia de crescimento da empresa, o executivo Peter Vesterbacka, que visita o Brasil nesta semana e estampou no cartão de visitas o apelido de Mighty Eagle – ou Águia Poderosa.
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