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“Algoritmos são escolhas da indústria”, diz Malik Ducard, do Pinterest

Diretor de conteúdo da plataforma fala sobre a responsabilidade das redes em promover conteúdos e como isso afeta o ambiente digital

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 out 2023, 16h00

Na disputa pela supremacia das redes sociais, o Pinterest ocupa uma posição singular. Embora não seja exatamente uma rede em que as pessoas compartilhem sua vida, tornou-se uma fonte de inspiração para moda, design, arquitetura e outros temas, onde os usuários criam conjuntos de referências para diversos projetos. E, dessa forma, consolidou-se como um ambiente livre de “fake news”, ao mesmo tempo em que cativa tanto um público bem jovem quanto usuários mais velhos. Em passagem pelo Brasil, o diretor de conteúdo da plataforma, Malik Ducard, falou sobre o apelo intergeracional do Pinterest, as políticas que garantem a segurança dos usuários e o papel das redes na disseminação de notícias falsas.

O Pinterest tem um apelo entre diferentes grupos etários, da geração Z a usuários idosos. É algo raro nas redes.
Sim, isso é muito curioso. Quando contei para minha mãe, que tem cerca de 80 anos, que começaria a trabalhar no Pinterest, ela ficou empolgada, porque era lá que ela encontrava as formas para seus crochês. Quando contei para meu filho, então com 13 anos, ele também ficou empolgado, porque era lá que ele guardava as fotos da sua coleção de tênis. É engraçado, porque muitas vezes quando uma geração anterior chega à plataforma, os mais novos saem. Estamos vendo o oposto. A Geração Z está chegando e crescendo mais rápido e engajando a uma taxa maior do que qualquer geração na plataforma.

Por quê?
Uma das principais razões é o fato de que Pinterest é um espaço online positivo e inspirador, e isso não é comum. Também não é uma coisa acidental. Construímos o Pinterest com essa intenção desde a fundação. Sempre quisemos priorizar um ambiente que realmente transmita aquele sentido positivo e inspirador. Nossos sistemas, nossos algoritmos, funcionam assim. Quando uma pessoa está procurando por conteúdo ou acessando seu feed inicial, nossos sistemas que revelam esse conteúdo escolherão aquilo que tem mais probabilidade de ser sobre tempo bem gasto. Não uma experiência efêmera que desaparece, mas algo que será útil para a pessoa no longo prazo.

Esse apelo multigeracional é orgânico ou vocês adotam estratégias específicas?
Os dois. Eu acredito que as coisas começam de forma orgânica. Falamos de geração Z, e tenho três representantes em casa. Acho que nossa plataforma é tão atraente para eles porque eles estão procurando algo diferente, que fuja da toxicidade da experiência na Internet. E o Pinterest não é exatamente uma rede social. Além disso, as nossas políticas e a nossa base de positividade e inspiração permitem essa exploração segura. E uma coisa alimenta a outra. A geração Z produz muito conteúdo, e membros de outras gerações, como millenials, engajam muito com esse conteúdo.

De que forma?
Veja, millenials, por exemplo, têm 30% mais chance de engajar com um conteúdo criado por alguém da geração Z do que por membros de usa própria geração. Mais uma coisa: a Geração Z, e já pensei muito sobre isso, é a mais inclusiva. Ela abraça todas as formas de diversidade. E isso é muito importante, porque o Pinterest é um local onde vozes distintas vão para se expressar de forma segura, e a plataforma se torna um reflexo da diversidade dessa comunidade. Temos, por exemplo, um filto de tom de pele. Se alguém encontrar uma roupq que gosta, pode pesquisar como ela ficaria em pessoas com a mesma tonalidade de pele. Temos outro filtro para tipos de cabelo, assim rapidamente alguém pode encontrar ideias compatíveis com seu estilo.

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Quais políticas vocês adotam para garantir a segurança dos usuários?
Não somos perfeitos, e estamos sempre trabalhando para melhorar o sistema e as políticas para que elas possam dar conta dos novos desafios que surgem no mundo. Fomos um dos primeiros a proibir, por exemplo, anúncios de perda de peso há alguns anos. Tentamos sempre estar à frente em relação à desinformação.

Críticos das redes sociais dizem que os algoritmos costumam promover os conteúdos que geram mais audiência, mesmo que eles espalhem desinformação. Como vocês lidam com a questão?
Os algoritmos são escolhas nossas. Computadores e sistemas aprendem, mas também são ensinados. Ao olharmos para a indústria, quais são as escolhas que estão sendo feitas? Como pretendemos ensinar esses algoritmos, que então ajudam a fazer seleções e escolhas em uma escala mais ampla? Então isso é uma escolha. Optamos por pegar nossos sistemas e treiná-los a priorizar certos tópicos quando houver uma encruzilhada. Será um conteúdo que pode ser visualizado por mais tempo, mas que fará a pessoa se sentir pior, ou um conteúdo que fará a pessoa se sentir melhor?

Como parte dessa indústria, como você vê a batalha entre diferentes mídias sociais pelo topo, às vezes fazendo algumas escolhas que não são tão boas para seus usuários?
Não gasto muito tempo acompanhando o que os outros estão fazendo. Então não posso comentar sobre as outras plataformas. Mas parte da nossa abordagem é melhorar a experiência dos usuários do Pinterest com foco na positividade. E queremos realmente ser influenciadores da indústria. Achamos que ninguém deveria ter o monopólio do bem-estar das pessoas no mundo. Vou dar um exemplo. A primeira montadora de carros a criar o cinto de segurança foi a Volvo. Em vez de oferecer o equipamento apenas nos próprios veículos, abriram a patente para que todos adotassem o mesmo padrão de segurança. É assim que vemos a questão. Gostamos de ser os primeiros, mas é importante que não sejamos os únicos.

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