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‘Xingar faz bem à saúde’, diz psicólogo britânico Richard Stephens

Especialista ganhou destaque em uma área que se dedica a entender os benefícios do palavrão; termos banidos dos dicionários polidos estão autorizados

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 dez 2019, 10h03 - Publicado em 6 dez 2019, 06h00

Por que o senhor decidiu estudar os efeitos do palavrão? Quando minha filha nasceu, minha mulher xingou horrores para extravasar a dor do parto. Isso me fez refletir cientificamente: por que é tão comum a dor vir acompanhada de palavrões?

E a que resposta chegou? Ficou claro que o uso do palavrão aumenta a resistência à dor. Fiz um experimento com meus alunos para cronometrar quanto tempo eles resistiam com as mãos mergulhadas em um balde cheio de gelo. Os que reagiam com expressões neutras aguentavam significativamente menos que os que desfiavam palavrões.

Qual é a explicação fisiológica para isso? O xingamento produz uma resposta emocional no organismo humano, evidenciada pelo aumento da frequência cardíaca. Quando a pessoa fala palavrão, o corpo entende que está sob ataque e se condiciona para o modo “lutar ou fugir”. Esse stress leva a um estado de analgesia, o que alivia a dor.

Suas pesquisas detectaram outros efeitos positivos? Os estudos mostram que os palavrões contribuem para a prática de exercícios que envolvem força. Xingar ajuda a relaxar a mente e, sob esse efeito psicológico, o desempenho atlético melhora. Numa outra frente, que analisa o impacto social do uso dessas expressões, descobriu-se que elas podem ser úteis à arte da persuasão. Palestrantes que salpicam de palavrões seus discursos são percebidos como mais honestos. As pessoas que xingam com frequência, por sua vez, parecem mais espontâneas. Além disso, os palavrões tendem a criar certa solidariedade entre grupos sociais, aproximando colegas de escola ou trabalho, por exemplo.

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Há palavrões mais eficientes que outros? Aqueles considerados mais fortes demonstraram ao longo da pesquisa ter maior impacto no alívio da dor e na alta do desempenho físico. Um exemplo: percebemos que “f…-se” surte mais efeito que “m….”.

O Homo sapiens é o único animal que xinga? Não. Sabemos que chimpanzés também são bons de palavrão. Ao serem apresentados pelo homem à linguagem de sinais, esses primatas aprenderam a associar o sinal de sujeira ao ato de fazer suas necessidades. Espontaneamente, porém, eles começaram a atribuir um sentido pejorativo ao gesto e a utilizá-lo como insulto. Esse é um indicativo de que os palavrões podem estar entre nós desde que a linguagem existe.

Publicado em VEJA de 11 de dezembro de 2019, edição nº 2664

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