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Vírus semelhantes ao coronavírus são encontrados em morcegos no Laos

Estudos mostram que o sudeste da Ásia é um lugar onde podem ser encontrados vírus quase idênticos, tão ou mais perigosos, do que o responsável pela Covid-19

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2021, 14h34 - Publicado em 4 out 2021, 14h01

Uma descoberta “fascinante e bastante aterrorizante”. Essas foram as palavras do virologista David Robertson, da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, para definir a recente descoberta em morcegos de três vírus muito parecidos ao SARS-CoV-2. O achado foi feito no Laos. Segundo os pesquisadores, partes dos códigos genéticos desses agentes patológicos reforçam as teorias de que o vírus da Covid-19 tem uma origem natural, ao mesmo tempo em que aumenta o temor sobre a existência de numerosos coronavírus com potencial para infectar seres humanos. Os resultados, ainda não revisados ​​por pares, mostram uma caraterística particularmente preocupante nesses novos vírus: possuem o domínio de ligação ao receptor quase idêntico ao do SARS-CoV-2, ou seja, podem se ligar a um receptor chamado ACE2 na superfície das células humanas podendo, portanto, infectá-las.

Na pesquisa, Marc Eloit, virologista do Instituto Pasteur e outros pesquisadores franceses e laosianos coletaram amostras de saliva, fezes e urina de 645 morcegos em cavernas no norte do Laos. Em três espécies de morcegos Rhinolophus, encontraram vírus que se assemelham em mais de 95% ao novo coronavírus, os quais chamaram de BANAL-52, BANAL-103 e BANAL-236. “Quando o SARS-CoV-2 foi sequenciado pela primeira vez, o domínio de ligação ao receptor não se parecia com nada que tínhamos visto antes”, conta Edward Holmes, virologista da Universidade de Sydney, na Austrália. “Isso fez com que se criassem especulações sobre o vírus ter sido criado em laboratório, mas os coronavírus de Laos confirmam que essas partes do SARS-CoV-2 existem na natureza”, completa. Linfa Wang, virologista da Duke – NUS Medical School, em Cingapura, concorda: “Estou mais convencido do que nunca de que o SARS-CoV-2 tem uma origem natural.”

Em uma etapa extra da pesquisa, Eloit e sua equipe mostraram em laboratório que os domínios de ligação ao receptor desses vírus poderiam se conectar ao receptor ACE2 em células humanas com a mesma eficiência de algumas variantes iniciais do SARS-CoV-2. Os pesquisadores também cultivaram o BANAL-236 em células que, segundo o cientista, serão usadas para estudar em cobaias o quão patogênico é o vírus.

Junto com esses parentes próximos do novo coronavírus descobertos na Tailândia, Camboja e Yunnan, no sul da China, o estudo demonstra que o sudeste da Ásia é um “ponto de acesso de diversidade para vírus relacionados ao SARS-CoV-2”, alerta Alice Latinne, bióloga evolucionista da Wildlife Conservation Society, no Vietnã. No ano passado, os pesquisadores descreveram outro vírus semelhante ao SARS-CoV-2, encontrado em morcegos em Yunnan: chamado RaTG13, é 96,1% semelhante ao vírus da Covid-19. “O BANAL-52, porém, é o mais próximo do SARS-CoV-2: 96,8% idêntico”, diz Eloit. “Portanto, os três vírus recém-descobertos, mesmo com suas individualidades, são mais semelhantes ao SARS-CoV-2 do que qualquer outro vírus conhecido”, finaliza.

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