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Vacina de Oxford: Reação imune pode estar por trás de efeitos colaterais

Alguns países europeus interromperam o uso do imunizante pela possível associação do produto à formação de coágulos

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 abr 2021, 13h09

Pesquisadores europeus parecem ter desvendado o motivo para os casos de trombose associados à vacina contra Covid-19 de Oxford-AstraZeneca. Dois grupos independentes de pesquisadores, da Alemanha e Noruega, concluíram que, em casos muito raros, a injeção pode fazer com que o corpo ataque suas próprias plaquetas – células do sangue responsáveis pela coagulação – desencadeando a formação de perigosos coágulos cerebrais.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Oslo, na Noruega, identificou um anticorpo criado pela vacina que desencadeou a reação adversa, após investigar casos do problema no país. Esse anticorpo, cuja função é combater infecções ou patógenos, confunde as plaquetas no sangue com invasores e as ataca. Para compensar a destruição dessas células, o corpo produz mais plaquetas, fazendo com que o sangue fique mais espesso e aumente o risco de coágulo.

Outra equipe, da Clínica Universidade Greifswald, na Alemanha, chegou a mesma conclusão, após analisar casos ocorridos em seu país. Os especialistas admitem que não sabem por que isso está acontecendo, mas afirmam que o fenômeno é raro e tratável.

A condição, que segundo os pesquisadores é semelhante ao que pode ocorrer na trombocitopenia induzida pela heparina (TIH), pode ser diagnosticada com um simples exame de sangue e rapidamente tratada com anticoagulantes e imunoglobulina. Diante disso, a equipe alemã afirma que não é necessário temer a vacina.

Vale ressaltar que nenhum dos estudos foi publicado em revista científica nem revisado por pares. Além disso, a descoberta é apenas uma hipótese. Ainda não é possível afirmar que a doença seja causada pela vacina.

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A AstraZeneca

O laboratório afirma que os coágulos não estão ocorrendo com mais frequência entre as pessoas que tomaram a vacina do que na população em geral. Acredita-se que a condição tenha afetado menos de uma em 2 milhões de pessoas vacinadas. As agências sanitárias do Reino Unido e da União Europeia chegaram à mesma conclusão e afirmam que a vacina é segura, embora ainda continuem analisando os casos.

Quando os primeiros relatos de trombose do seio venoso cerebral (TSVC) associados à vacina apareceram, vários países europeus interromperam brevemente o uso do imunizante. A maioria das pessoas afetadas eram mulheres com menos de 55 anos. Após a EMA, agência que regula medicamentos na União Europeia, reafirmar que a vacina é segura, alguns deles, como Alemanha, França e Itália, retomaram a vacinação, com um alerta adicional de que a vacina poderia causar coagulação do sangue. Outros, incluindo Noruega, Suécia e Dinamarca, disseram que precisam de mais pesquisas antes de reiniciar a aplicação do imunizante.

O Brasil 

No Brasil, não houve interrupção da vacinação com o imunizante, que aqui é produzido e distribuído pela Fiocruz. A Anvisa afirma que o monitoramento de eventos adversos relacionados ao uso da vacina de Oxford não aponta alteração no “equilíbrio benefício‐risco da vacina e recomenda a continuidade do seu uso pela população brasileira”.

Após os relatos na Europa, a agência brasileira revisou, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, seis casos de eventos tromboembólicos ocorridos no Brasil suspeitos de estarem associados ao imunizante, e “não encontrou sinais de causalidade entre os eventos comunicados e o uso da vacina”. A Anvisa ressaltou ainda que o lote da vacina que deu início às suspensões feitas por alguns países não veio para o Brasil.

A Fiocruz também ressalta que os benefícios da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Astrazeneca superam os riscos e que estes não estão associados ao aumento da formação de coágulos sanguíneos.

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