Um estudo publicado na revista científica The Lancet nesta quarta-feira, 28, mostrou que a segunda dose da vacina contra Covid-19 de Oxford-AstraZeneca não aumenta a probabilidade de trombose. De acordo com os pesquisadores, o resultado comprova a segurança da conclusão do esquema vacinal em pessoas que não apresentaram o raro efeito colateral após a primeira injeção.
Segundo o estudo, realizado pela AstraZeneca, o risco de trombose com síndrome de trombocitopenia (TTS, na sigla em inglês) após a segunda dose do imunizante é raro. Foram encontrados 2,3 casos por milhão de pessoas que receberam a vacina. A taxa é comparável ao que é registrado em populações não vacinadas. Por outro lado, após a primeira dose, o índice foi um pouco mais elevado: 8,1 casos por milhão de pessoas vacinadas.
“Vaxzevria [nome comercial do imunizante na Europa] é eficaz contra todas as gravidades de Covid-19 e desempenha um papel crítico no combate à pandemia. A menos que a TTS [trombose com síndrome de trombocitopenia] tenha sido identificada após a primeira dose, esses resultados apoiam a administração do esquema de duas doses de Vaxzevria, conforme indicado, para ajudar a fornecer proteção contra a Covid-19, incluindo contra variantes que demandam preocupação ”, disse Sir Mene Pangalos, vice-presidente executivo de Pesquisa e Desenvolvimento de Biofarmacêuticos da AstraZeneca, em comunicado.
Os pesquisadores analisaram casos do problema ocorridos até 14 dias após a administração da primeira ou segunda dose, relatados até 30 de abril, usando o banco de dados de segurança global da farmacêutica.
Alteração na bula
Agências regulatórias ao redor do mundo, incluindo a EMA, que regula medicamentos na União Europeia, a MHRA, do Reino Unido, e a Anvisa, investigam casos de trombose associados às vacinas de Oxford-AstraZeneca e da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, desde o início do ano.
O risco foi incluído na bula, mas, até o momento, todas chegaram à mesma conclusão: os benefícios da vacina na prevenção de casos graves e mortes pela Covid-19 superam os riscos. Vale lembrar que a chance de trombose pela doença também é maior que o risco oferecido pela vacina, incluindo o avaliado após a primeira dose.
Até o momento, não foi identificado nenhum fator de risco específico ou causa definitiva para desenvolvimento de trombose com síndrome de trombocitopenia após a vacinação. “Além disso, esses eventos muito raros podem ser evitados quando os sintomas são identificados e tratados de forma adequada”, afirma a farmacêutica.
Novas formulações
Pesquisadores de Oxford e da AstraZeneca estão conduzindo pesquisas para descobrir se a vacina pode ser modificada para prevenir esses raros e graves efeitos colaterais. As instituições também avaliam como o imunizante pode ser alterado para combater de forma mais eficaz novas variantes do coronavírus. O mesmo acontece com outras fabricantes de vacinas, como a Moderna e a Pfizer.