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Um Viagra natural?

O consumo de uma raiz de origem peruana, a maca, é moda entre homens e mulheres em busca do aumento do desejo sexual

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 nov 2018, 07h00 - Publicado em 9 nov 2018, 07h00

Uma onda de hashtags se espalhou pelas redes sociais para louvar os supostos efeitos terapêuticos de uma raiz indígena de origem peruana com 2 000 anos de história: #macaperuana, #viagrainca, #macapowder, #macaroot #peruvianviagra. O fenômeno brotou nos Estados Unidos e na Europa e já está desembarcando no Brasil. Ingerida em pó ou em cápsula, com sabor terroso, a planta tem sido procurada sobretudo por quem busca melhorar a disposição e o desempenho sexual.

Segundo os consumidores, os efeitos são reais — e as pesquisas confirmam. Um estudo, divulgado no periódico Andrologia, concluiu que, para homens em idade fértil, a ingestão de doses entre 1,5 grama e 3 gramas de maca durante doze semanas consecutivas fez aumentar a libido, em comparação ao grupo que tomou um placebo. Há benefícios também para mulheres. Um trabalho conduzido pela Universidade Charles Sturt, na Austrália, mostrou que a raiz ameniza os sintomas da menopausa. Durante essa fase, ocorre redução drástica dos níveis de estrogênio, o hormônio feminino por excelência. Aparentemente, a maca imita a ação do estrogênio. Os resultados foram vistos com o consumo de 2 gramas do ingrediente, equivalentes a meia colher de chá diária.

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O aumento do desejo sexual, portanto, é o efeito mais procurado por quem compra a maca peruana. No Japão, a raiz é vendida em farmácias e quiosques em embalagens cujo rótulo faz alusão à ereção masculina. Diz Norvan Martino Leite, especialista em clínica médica e fitoterapia: “A maca atua de forma natural e eficaz em sistemas complexos do organismo, em princípio sem efeitos colaterais”.

Convém, como sempre, ir com cautela. Ainda faltam levantamentos mais conclusivos. A maca se encaixa na categoria de suplemento ou de alimento — e não de remédio. Ou seja, não pode ser empregada como tratamento para disfunções sexuais. Diz Paulo Henrique Março, professor no programa de pós-graduação de tecnologia em alimentos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná: “Como qualquer fitoterápico sem comprovação cabal da ciência, ela deve ser usada para melhorar o que já é bom. E não em um corpo doente”. Nenhuma investigação científica mostrou danos colaterais relevantes.

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As qualidades do produto atreladas ao desejo e à disposição estão associadas a um pacote de compostos. Há os que aumentam a resistência. Outros aceleram a recuperação muscular. O sucesso levou à promulgação de uma lei exigindo que a planta seja cultivada apenas no Peru. Isso porque as propriedades estariam associadas ao clima, à luminosidade intensa e à altitude de 4 000 metros dos Andes.

O uso de plantas tem conquistado espaço na medicina. Os hospitais de primeira linha no Brasil investem em estudos sobre as propriedades fitoterápicas. A Universidade Harvard, uma das mais conceituadas no mundo, criou um departamento dedicado a pesquisas das terapias complementares. Diz o médico Edson Borges, diretor científico do Fertility Medical Group: “Essa busca é calcada sobretudo no fato de termos atingido os limites nos tratamentos convencionais”.

Publicado em VEJA de 14 de novembro de 2018, edição nº 2608

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