Justin Smith, um americano de 26 anos, quase morreu congelado após passar cerca de 12 horas caído inconsciente na neve. Quando foi encontrado por seu pai e pelos paramédicos, o jovem estava gelado, azul e não tinha pulso nem pressão sanguínea. Felizmente, um dos médicos que o atendeu decidiu submetê-lo a um procedimento chamado oxigenação por membrana extracorpórea (Ecmo, na sigla em inglês).
A técnica consiste em drenar o sangue venoso do indivíduo por meio de uma punção em uma veia da virilha. Em seguida, o sangue é enviado para uma espécie de bomba que desempenha o papel que seria do coração e, então, é enviado para uma membrana, que oxigena o sangue, como faria o pulmão. Antes de voltar ao corpo por uma artéria da virilha ou do pescoço, o sangue oxigenado tem a temperatura regulada por meio de um dispositivo. Este aparelho pode resfriar ou aquecer o sangue – caso de Justin – dependendo da necessidade do paciente.
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Robinson Poffo, coordenador da Cirurgia Cardíaca Institucional do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a técnica é conhecida há muito tempo na literatura médica, mas ainda é subutilizada. Em 95% dos casos ela é utilizada no tratamento de pacientes com insuficiência respiratória grave.
“O Ecmo é uma belíssima ferramenta de ressuscitação. Nos casos de hipotermia, como o de Justin, a taxa de sobrevida com o uso dessa técnica é em torno de 30% a 50%”, explica Poffo.
Quando o coração do jovem americano finalmente voltou a bater sozinho e seu corpo se aqueceu, ainda havia a dúvida se ele voltaria a acordar ou se permaneceria em estado vegetativo. “Quando o coração de uma pessoa bate muito devagar ou deixa de bater, é deflagrada a morte celular. Neste caso, um paciente em condições normais morreria em cerca de 5 minutos. Por incrível que pareça, o que salvou este jovem foi justamente a hipotermia”, diz o médico.
O frio faz com a célula consuma menos oxigênio. A 18ºC (hipotermia severa), temperatura corporal de Justin quando foi encontrado, o consumo da célula cai para menos de 5% e isso protegeu seu cérebro, permitindo que ele recuperasse a função cerebral após o incidente.