Apenas um quarto (4.657) dos 18.450 médicos que se inscreveram no Mais Médicos, programa do governo federal que pretende levar profissionais para cidades do interior do país, confirmou seu cadastro e está apto a trabalhar na rede pública de saúde, segundo balanço do Ministério da Saúde. Desse total, 3.891 têm registro profissional válido no país e 766, diplomas do exterior. Ao todo, 3.511 municípios do país aderiram ao programa – o equivalente a 63% de todas as prefeituras do Brasil – e, juntas, essas cidades apresentaram demanda para terem 15.460 médicos atuando na atenção básica. Ou seja, até o momento, há mais de 10.000 vagas a serem preenchidas.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, o baixo número de médicos residentes que quer participar do programa chamou atenção: dos 1.270 profissionais que haviam se inscrito, apenas 31 (2,4%) confirmaram o interesse. Um balanço anterior, divulgado na última sexta-feira pela pasta, mostrou que apenas 17% dos 18.450 candidatos ao programa haviam entregado todos os documentos exigidos na inscrição. Os candidatos tiveram até o último domingo para regularizar a inscrição.
Próximas datas – Uma nova rodada de inscrições será aberta no dia 15 de agosto, e os médicos com a documentação pendente poderão fazer as correções e concluir seu cadastro nessa próxima fase. Nesta quinta-feira, será divulgada a relação de médicos devidamente inscritos e os municípios para os quais serão designados. Depois da divulgação, esses profissionais deverão assinar um termo de compromisso e as escolhas serão publicadas no Diário Oficial da União. Os estrangeiros terão até o dia 8 para entregar a documentação, pois só ocuparão as vagas que não forem preenchidas.
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Há duas semanas, o Ministério da Saúde já havia assumido a possibilidade de haver esquema de sabotagem ao programa. A pasta recebeu denúncias de que médicos estariam se organizando pelas redes sociais para fazer inscrições mesmo sem interesse e depois desistirem do posto, apenas para perturbar o processo. A estratégia dos médicos seria atrasar a importação de profissionais estrangeiros, que serão convocados para as vagas que não forem preenchidas pelos brasileiros. O Ministério da Saúde acionou a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, que investigam a denúncia.
Reação – Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que os números mostram que há interesse dos médicos em atuar no SUS, desde que existam estímulos para levá-los ao interior. Informou ainda que os dados confirmam a decepção dos candidatos com a proposta, pois há fragilidades na garantia de condições para o exercício da medicina e a inexistência de direitos trabalhistas.
(Com Estadão Conteúdo)