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Linfoma: as dúvidas mais comuns sobre o câncer cada vez mais incidente

Em entrevista a VEJA, Michael Wang, referência em câncer hematológico, fala sobre os principais avanços e tratamentos dessa doença

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 set 2019, 11h23 - Publicado em 30 ago 2019, 14h58

O linfoma é um tipo de câncer hematológico, ou seja, se origina no sistema sanguíneo ou hematológico e atinge o sistema linfático ou linfonodos (as ínguas), mais especificamente. E, embora existam mais de 90 tipos de linfoma, eles são divididos em duas grandes “classes”:  linfoma de Hodgkin (LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH).

A diferenciação fica por conta das células afetadas e da forma como elas se espalham pelo corpo. O linfoma de Hodgkin se espalha de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. Já o linfoma não-Hodgkin, se espalha de maneira desordenada.

No Brasil, o número de casos de linfoma não-Hodgkin  duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. Ainda não se sabe o porquê disso. Essa grande variedade de tipos e o fato dos sintomas da doença não serem muito evidentes ou específicos, dificultam o diagnóstico precoce da doença. Fator crucial para o sucesso do tratamento.

Em entrevista exclusiva a VEJA, Michael Wang, referência internacional em câncer hematológico e professor no Departamento de Linfoma e Mieloma do MD Anderson Cancer Center, centro de referência no tratamento e pesquisa em câncer nos Estados Unidos, explica mais detalhes sobre essa doença que atinge mais de 12.000 pessoas anualmente no Brasil, segundo dados do Inca.

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O que é câncer hematológico? Em primeiro lugar, toda célula normal no corpo tem o potencial de passar por mudanças genéticas e se tornar um câncer. Os cânceres hematológicos derivam do sistema sanguíneo ou hematológico que compreende o sangue, o sistema linfático e a medula óssea.

Quais são os tipos de cânceres hematológicos? O sistema sanguíneo é composto por diversas células. Então, se os linfócitos se transformam em câncer, a pessoa é diagnosticada com linfoma, se o plasma se torna câncer, é mieloma múltiplo. Se os neutrófilos se tornam malignos, é leucemia aguda. Em suma, cânceres hematológicos são derivados da medula óssea e do sistema linfático.

Quais foram os progressos no tratamento desses cânceres nos últimos anos? Cada câncer tem resultados clínicos completamente diferentes. A leucemia mieloide aguda ainda é a que tem piores resultados. Os tratamentos não funcionam bem e os pacientes podem morrer muito rápido porque os progressos nesse campo não são muito dramáticos. Já linfoma e mieloma têm muito mais progressos no campo de tratamento e o paciente pode viver por muito anos depois de diagnosticado.

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Quem corre mais risco de linfoma? O linfoma é o segundo câncer hematológico mais comum, atrás da leucemia. Ele é basicamente uma doença de pessoas idosas. Pode também aparecer em pessoas de 30 a 40 anos, mas a  maioria dos casos está concentrada em pessoas idosas, de 65 a 80 anos. Há um tipo especial de linfoma, o linfoma de Hodgkin que é mais comum em jovens, como estudantes universitários.

Quais são os sintomas da doença? Todo câncer hematológico, seja ele linfoma, mieloma ou leucemia, afeta a produção e funcionalidade de todas as outras células do sangue.

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O que aumenta o risco da doença? Fatores ambientais, como exposição a substâncias químicas (pesticidas, herbicidas e outros produtos químicos), infecções virais e bacterianas, como HIV,  vírus de Epstein-Barr (cusador da mononucleose), H pylori e Borrelia burgdorfer (bactéria causadora da doença de Lyme), influenciam no desenvolvimento do linfoma. Fraqueza do sistema imunológico é outro fator de risco, por isso é mais comum nos idosos.

Como está a evolução no tratamento da doença? Na luta contra as doenças, algumas vezes nós ganhamos outras não. Mas estamos cada vez melhores nisso. Então, em longo prazo, seremos capazes de curar cada vez mais pacientes de linfoma com novas tecnologias científicas.

Quem corre mais risco? Os idosos porque seu sistema imunológico é mais fraco. Além disso, seu corpo não detecta células cancerosas de forma veloz e suprimi-las. Para pessoas mais velhas, é natural a degeneração das funções.

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Quais são os sintomas? Nódulos no corpo, cansaço, dor, mal estar, perda de peso, febre e suores noturnos podem ser causados por linfoma. Se você tem um nódulo, você deve procurar um médico imediatamente. Se você não tem nódulo, mas não se sente bem e apresenta os sintomas acima, eles também devem ser analisados.

Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico é feito por meio de análises de sangue, tomografia computadorizada e biopsia da medula espinhal. As ferramentas mais modernas incluem PET scan, ressonância magnética e testes moleculares.

Quais são os tratamentos disponíveis atualmente? O tratamento contra esses tumores de fato evoluiu bastante. No passado, tínhamos basicamente quimioterapia. Agora, usamos cada vez mais terapias-alvo, inclusive orais. Também temos imunoterapia e terapia celular. Então o tratamento evoluiu da quimioterapia, para a terapia-alvo, imunoterapia e terapia celular. Está em constante evolução.

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Qual é a taxa de cura? No MD Anderson, somos capazes de curar de 50% a 60% dos pacientes com linfoma. Mas esse é o principal centro de tratamento de câncer dos Estados Unidos. Temos os melhores tratamentos e tecnologias de exames disponível, então provavelmente não é parâmetro para os outros lugares.

Quando a chance de cura é maior? Como em todos os cânceres, os hematológicos têm estágio inicial e avançado. Quanto mais cedo o tratamento, maior a chance de cura. Mas as terapias funcionam muito melhor neles que em tumores sólidos.

Como se prevenir? Esteja atento ao seu corpo. Alimente-se bem, faça atividade física, evite o stress e faça check ups regulares, principalmente pessoas mais velhas. Essas são todas as recomendações que devem ser disponibilizadas para todas as pessoas seguirem. Mas hoje as pessoas estão tão ocupadas que não prestam muita atenção à alimentação, estão sob muita pressão, o que impacta no stress, não fazem visitas regulares ao médico. Todas essas são barreiras que precisam ser superadas tanto para prevenção quanto para diagnóstico precoce do câncer e maior chances de cura.

Qual é a importância do diagnóstico precoce? O diagnóstico precoce leva a mais curas e não ir ao médico, absolutamente não é a coisa certa a fazer.

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