A Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, informou nesta quarta-feira, 25, que uma dose de reforço de sua vacina aumenta drasticamente – cerca de nove vezes mais – os níveis de anticorpos contra o coronavírus, seis meses após a aplicação da dose única. A empresa vai enviar os dados completos para a FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, a fim de também entrar como uma opção de reforço entre os imunizantes que serão oferecidos pelo governo americano a partir de setembro, como anunciado na semana passada pelo presidente Joe Biden.
“Estamos ansiosos para discutir uma estratégia com as autoridades de saúde pública para que a nossa vacina Johnson & Johnson contra a Covid-19 também ganhe uma dose de reforço após a aplicação da dose única”, disse Mathai Mammen, chefe global da Janssen Research & Development, departamento de pesquisa da Johnson & Johnson.
A FDA já analisa estudos semelhantes da Pfizer e Moderna para aplicação das doses de reforço após oito meses da aplicação da segunda dose. Em fevereiro deste ano, a agência federal deu autorização à Johnson & Johnson para o uso emergencial de sua vacina de dose única. Um ensaio clínico realizado no inverno passado, nos Estados Unidos, mostrou que uma única injeção teve eficácia de 72% na prevenção de sintomas mais graves da Covid-19. Nenhum voluntário imunizado morreu ou foi hospitalizado, mas a pesquisa da Johnson & Johnson foi realizada antes da disseminação da variante Delta, deixando em aberto se o imunizante funciona contra essa forma altamente contagiosa do vírus.
Um estudo divulgado por pesquisadores sul-africanos no início deste mês, porém, diz que uma única dose da vacina da Johnson & Johnson teve uma eficácia de 95% contra óbitos provocados pela variante Delta e reduziu o risco de hospitalização em 71%. E a própria empresa americana fez um rastreamento de dezessete voluntários do ensaio clínico do ano passado, e concluiu que, em seis meses após a vacinação, o nível de anticorpos teve poucas alterações. Dados diferentes do padrão observado com os imunizantes da Moderna e da Pfizer-BioNTech, que inicialmente produziram níveis mais altos de anticorpos, mas que caíram após vários meses.
Vários estudos sugerem que níveis mais elevados de anticorpos oferecem melhor proteção, especialmente contra a variante delta. Mas outras partes do sistema imunológico, como células T, também são importantes. Portanto, esses dados não podem apresentar ainda uma estimativa precisa da eficácia da injeção de reforço contra a Covid-19.
“É muito cedo para estimar a proteção”, disse Dan Barouch, virologista do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, que conduziu algumas pesquisas para a Johnson & Johnson, mas não esteve envolvido no teste de reforço. Além dos anticorpos, os pesquisadores da empresa americana também descobriram que o reforço aumenta o suprimento do corpo de células do sistema imunológico que podem atacar as células infectadas com o coronavírus. Esses resultados ainda estão sendo preparados para publicação. A vacina Johnson & Johnson é a única injeção nos Estados Unidos ou na Europa autorizada em dose única. Desde novembro, a empresa realiza um ensaio clínico para avaliar quanta proteção as pessoas obtêm com duas doses, em dois meses de intervalo. Espera-se que esse teste entregue resultados nas próximas semanas.