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Sarampo: campanha de vacinação acaba amanhã em SP — tire suas dúvidas

Especula-se que o surto atual, localizado em São Paulo, tenha começado em fevereiro, dentro de um cruzeiro em Santos

Por Redação
Atualizado em 20 ago 2019, 20h31 - Publicado em 15 ago 2019, 15h48

Acaba amanhã, 16, a campanha intermunicipal de vacinação contra o sarampo na cidade de São Paulo e região, que inclui Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Osasco e Guarulhos. O foco da iniciativa são adolescentes e jovens adultos com idade de 15 a 29 anos que não tomaram as duas doses da vacina necessárias para a imunização completa contra o sarampo.

A meta é vacinar 95% dos cerca de 3 milhões de jovens nessa faixa etária. Para isso, os profissionais de saúde foram às escolas de Ensino Médio e universidades. As creches também são alvo da campanha, que tem como meta imunizar 95% dos cerca de 82.000 bebês que têm acima de seis meses e que ainda são menores de um ano de idade.

Mesmo após o fim da campanha nas escolas e creches, se você ainda não se vacinou, procure um posto de saúde. A vacina continuará a ser oferecida normalmente. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira 14, este ano o Brasil já registrou 1.388 casos confirmados de sarampo, sendo que 95,2% (o equivalente a 1.322) ocorreram nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Paraná. Os 4,8% (66 infecções) restantes ocorreram nos outros estados. Clique aqui para ver a lista de municípios com surto da doença no país.

Veja abaixo as principais perguntas e respostas sobre a doença e tire suas dúvidas:

O que é?

O sarampo é uma doença infectocontagiosa grave causada por um vírus do gênero Morbillivirus, da família Paramyxoviridae.

Como é transmitido?

O sarampo é uma doença altamente contagiosa – se dez pessoas tiverem contato com uma pessoa infectada, nove vão adoecer. A transmissão ocorre de forma direta, de pessoa para pessoa, por meio de contato com secreções expelidas pela fala, tosse e/ou espirro.

Quais são os sintomas? 

Os sintomas do sarampo incluem indisposição inicial (com duração de três a cinco dias), febre alta (acima de 38,5 graus), mal-estar, coriza, conjuntivite, tosse, falta de apetite e exantema (erupções cutâneas vermelhas). Nesse período, manchas brancas podem ser observadas na face interna das bochechas. Já as manchas vermelhas na pele aparecem inicialmente atrás da orelha e se espalham para a rosto, pescoço, membros superiores, tronco e membros inferiores.

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Quais são as complicações da doença?

O sarampo apresenta complicações que, em casos graves, podem até mesmo levar à morte, particularmente em crianças desnutridas e menores de 1 ano de idade. Entre as complicações estão: otite média aguda, pneumonia bacteriana, laringite e laringotraqueite. Em casos mais raros, há manifestações neurológicas, doenças cardíacas, miocardite, pericardite e panencefalite esclerosante subaguda (complicação rara que acomete o sistema nervoso central após sete anos da doença).

Segundo o Ministério da Saúde, as complicações do sarampo podem deixar sequelas, especialmente se contraído na infância, incluindo cegueira, surdez, diminuição da capacidade mental e retardo do crescimento.

Como é feito o tratamento?

Não existe tratamento específico para o sarampo. O que se pode fazer é tratar os sintomas com o uso de antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores.

Como saber se estou protegido? 

Se você já teve sarampo ou fez o esquema vacinal recomendado para sua faixa etária, você está protegido.

Quem deve tomar a vacina?

Quem nunca teve a doença e não tem – ou não sabe se tem – o esquema vacinal completo. De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a primeira dose da vacina deve ser administrada aos 12 meses de vida, e a segunda dose, aos 15 meses de idade. Portanto, se você é mais velho e não tomou ou não tem certeza, procure um posto de saúde.

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O esquema vacinal funciona da seguinte forma para as demais faixas-etárias:

  • Tomou apenas uma dose até os 29 anos de idade? Recomenda-se completar o esquema vacinal com a segunda dose da vacina.
  • Não tomou nenhuma dose, perdeu o cartão ou não se lembra? Se você tem de 1 a 29 anos, são necessárias duas doses. Para aqueles de 30 a 49 anos, apenas uma dose é suficiente.
(Arte/VEJA)

Por que jovens de 15 a 29 anos precisam se vacinar?

Pessoas dessa faixa etária nasceram em uma época em que a segunda dose não fazia parte do Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, aqueles que não tomaram a segunda dose não estão protegidos.

Qual é o risco de não me vacinar?

Em São Paulo, a maioria das pessoas que contraíram a doença no surto atual não são crianças, portanto, o risco de contágio é alto. Além disso, como o sarampo é uma doença típica da infância, nos adultos, os sintomas tendem a ser mais intensos e há um risco aumentado de complicações.

Vou viajar para uma área de surto, devo me vacinar?

Depende. Se você já tomou as doses recomendadas para sua faixa etária ou já teve a doença, não há necessidade de se vacinar novamente. Se você não está com a vacinação em dia ou não tem certeza, procure um posto de saúde pelo menos 15 dias antes da viagem. Esse é o tempo necessário para a vacina fazer efeito.

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Bebês precisam se vacinar?

Crianças de 6 meses a 1 ano de idade só devem se vacinar se forem viajar para uma das cidades com surto da doença. A recomendação é que todas essas crianças sejam imunizadas ao menos 15 dias antes da data prevista da viagem.

Quem tem já tomou as duas doses, precisa se vacinar de novo?

Não. Quem tiver se vacinado contra o sarampo conforme preconizado para sua faixa etária (duas doses para quem tem até 29 anos de idade uma dose para quem tem entre 30 e 49 anos), não precisa receber a vacina novamente.

Quem não deve tomar a vacina?

Pessoas com alergia grave ao ovo; pacientes com o sistema imunológico enfraquecido, como em tratamento com quimioterapia, portadores de imunodeficiências congênitas ou adquiridas e transplantados de medula óssea; gestantes; quem faz uso de corticoide em doses altas; e bebês com menos de seis meses de idade.

Quanto tempo demora para a vacina fazer efeito?

Em torno de 15 dias, portanto, quem não está vacinado e vai viajar para locais com incidência da doença deve se programar e procurar um posto de saúde com pelo menos duas semanas de antecedência.

Se entrei em contato com alguém que tem a doença, como devo proceder? Posso tomar a vacina? 

Sim, desde que seja em até 72 horas após o contato. É a chamada vacina de bloqueio.

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Quais são as vacinas disponíveis contra o sarampo?

Os tipos de vacinas são: dupla viral, que protege do vírus do sarampo e da rubéola. A tríplice viral, que protege dos vírus do sarampo, caxumba e rubéola e a tetra viral, que protege dos vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora). Na rede pública, a primeira dose é feita com a tríplice viral e a segunda, com a tetra.

Quais são os possíveis efeitos colaterais da vacina?

Menos de 5% das pessoas podem apresentar dor, vermelhidão e inchaço no local de aplicação da vacina. Como a vacina é feita de vírus vivo atenuado, de 5 a 15% das pessoas podem desenvolver algum sintoma leve de cinco a 12 dias após a aplicação, como febre, mal-estar, um pequeno inchaço no pescoço, manchas no corpo, inchaço de linfonodos e bolhinhas com água na pele. Esses sintomas tendem a desaparecer automaticamente, sem ameaçar os vacinados.

Apenas uma em cada 2,5 milhões de pessoas vacinas apresenta algum efeito colateral grave que pode incluir meningite, encefalite, pneumonia e dor de cabeça forte e persistente. Esses sinais costumam surgir por volta do 15º dia após a vacinação. Se eles aparecerem, recomenda-se procurar um médico imediatamente.

Por que a doença voltou ao Brasil?

No ano passado, o vírus voltou a circular no Brasil, principalmente na região Norte, trazido por imigrantes venezuelanos. Ao encontrar uma grande quantidade de pessoas não imunizadas, houve o início do surto. Para uma pessoa ser considerada imunizada contra o sarampo, são necessárias duas doses da vacina.

Em 2017, a cobertura vacinal da primeira dose, cujo imunizante aplicado é o tríplice viral, que protege não só contra o sarampo, mas também contra caxumba e rubéola, foi de 85,2%. Já a segunda dose, a tetra viral, que, além da imunização contra as doenças citadas, confere proteção contra a catapora, foi de apenas 69,9%.

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Especula-se que o surto atual, localizado em São Paulo, tenha começado em fevereiro dentro de um cruzeiro em Santos. A embarcação saiu da Europa e percorreu toda a costa brasileira. Na época, 21 pessoas contraíram o vírus. Ou seja, acredita-se que o vírus tenha vindo da Europa. No Rio de Janeiro, onde também há surto, um caso na capital fluminense foi associado ao mesmo cruzeiro. Os outros casos permanecem em investigação.

Como se prevenir?

Segundo o Ministério da Saúde, a única forma de prevenir a doença é por meio da vacina. “O sarampo é uma doença altamente transmissível. Estima-se que uma pessoa com sarampo possa contaminar entre 12 e 18 outras pessoas. Ou seja, o risco do indivíduo que se infecta é muito alta. Por isso é importante se vacinar”, esclarece Oliveira Jr.

O que é cobertura vacinal, por que ela está baixa e qual é a taxa ideal?

Cobertura vacinal é o percentual da população que está vacinada. Para manutenção da erradicação, eliminação ou controle de doenças imunopreveníveis, ou seja, que podem ser evitadas com vacinação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cobertura vacinal seja de, no mínimo, 95%.

Graças ao Programa Nacional de Imunização, em vigor desde 1973, o Brasil sempre teve vacinação considerada alta (acima de 90%) e era tido como exemplo na erradicação de doenças. Em 1994, o país recebeu da OMS o certificado de eliminação da poliomielite e em 2016, do sarampo e da rubéola. Porém, nos últimos anos esse cenário se inverteu e a taxa de vacinação caiu.

Especialistas atribuem a queda na taxa de vacinação no Brasil a diversos fatores incluindo o movimento antivacina – pessoas que disseminam fatos falsos para impedir a vacinação -, o sucateamento da saúde pública e a falsa sensação de segurança da população, causada pela erradicação dessas doenças.

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