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Saiba qual o melhor tratamento para os incômodos zumbidos no ouvido

Estudo aponta laser como a terapia mais eficaz contra o tinnitus, que mesmo não sendo considerado uma doença, pode ser incapacitante

Por Julia Moióli | Agência FAPESP
20 jun 2023, 09h18

Terapias a laser (fotobiomodulação) são os melhores tratamentos conhecidos para quem sofre de tinnitus, o famoso zumbido no ouvido. Essa foi a conclusão de cientistas do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) após comparar as principais terapias utilizadas atualmente e também combinações entre elas. Os resultados foram divulgados no Journal of Personalized Medicine.

Aproximadamente 750 milhões de pessoas sofrem com zumbido no ouvido, de acordo com um estudo europeu que analisou cinco décadas de dados de pacientes. Apesar de não ser considerado uma doença – é, na verdade, um sintoma –, o tinnitus é incômodo e, em alguns casos, incapacitante. Como pode estar relacionado a diversos problemas, de insuficiência na irrigação periférica e lesões locais a bruxismo e excesso de cera, não conta com tratamentos padronizados ou medicamentos aprovados pelo órgão sanitário norte-americano US Food and Drug Administration (FDA).

“O zumbido no ouvido é um sintoma de grande incidência na população, tratado com uma infinidade de métodos, desde lavagem interna do ouvido a drogas como anestésicos locais, antidepressivos, anti-histamínicos, antipsicóticos e sedativos, com resultados diferentes”, afirma Vitor Hugo Panhóca, pesquisador do CEPOF – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP). “Após encontrarmos artigos na literatura científica mostrando resultados consistentes da aplicação intra-auricular do laser de baixa potência, decidimos realizar uma comparação e buscar mais respostas para o problema.”

A equipe de Panhóca testou durante quatro semanas o uso de modalidades alternativas e complementares de tratamento para pacientes com zumbido idiopático (sem causa aparente) e refratário, ou seja, que não responde a outros tratamentos. Foram dez grupos de mais de cem pacientes (homens e mulheres entre 18 e 65 anos), que passaram respectivamente pelas seguintes terapias: laserpuntura (laser combinado com acupuntura), dicloridrato de flunarizina, o fitoterápico ginkgo biloba e estimulação transmeatal a laser de baixa intensidade (LLLT) sozinha e combinada com vacuoterapia, ultrassom, ginkgo biloba e dicloridrato de flunarizina.

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As aplicações eram feitas duas vezes por semana, totalizando oito sessões. Avaliações do zumbido e da qualidade de vida dos pacientes antes e depois do tratamento também foram implementadas – incluindo uma revisão 15 dias após a suspensão do protocolo. A ideia por trás do questionário era entender como o zumbido afeta os âmbitos físico, mental, ocupacional e social.

Os melhores resultados foram observados nos pacientes que passaram por laserpuntura e estimulação transmeatal aplicando laser de baixa intensidade. No caso da LLLT, houve melhora ainda maior quando se aumentou o tempo de irradiação de seis para 15 minutos. Também tiveram efeito terapêutico duradouro as combinações de LLLT com terapia a vácuo, ginkgo biloba ou laserpuntura e dicloridrato de flunarizina sozinho.

“Os efeitos incluíram ação anti-inflamatória e sensação de relaxamento – e acreditamos que o laser possa aumentar a irrigação periférica, que pode ser o centro do problema em muitos casos, e a proliferação de células e colágeno”, conta Panhóca.

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Novos protocolos

Embora não seja o único a demonstrar a aplicação do laser com sucesso, o estudo do CEPOF ajuda a pavimentar o caminho para a criação de um protocolo para o uso dessa ferramenta por dentistas, otorrinos, fonoaudiólogos e outros profissionais da área de saúde que lidam com pacientes que apresentam zumbido, já que atualmente existe uma variação muito grande de número de sessões e intensidade descritas.

“Entender como as modalidades de tratamento bem-sucedidas funcionam contribui para restringirmos e focarmos ainda mais os próximos estudos e faz parte de uma curva de aprendizado quando se faz inovação em tratamentos de saúde como este”, acredita Panhóca. De acordo com o pesquisador, também é necessário investigar os efeitos de longo prazo da LLLT.

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O estudo, que também foi apoiado por meio de uma Bolsa de Pós-Doutorado concedida a Fernanda Rossi Paolillo, foi desenvolvido em colaboração com pesquisadores da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, do Centro Integrado de Terapias de Londrina, do Centro Universitário Central Paulista (Unicep) e do Tyndall National Institute da University College Cork (Irlanda).

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