Pesquisadores do hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, anunciaram nesta quarta-feira, 2, que um rim de uma doadora que morreu por complicações da Covid-19 foi transplantado com sucesso em um homem de 55 anos. Segundo os médicos, foram utilizadas ferramentas sofisticadas para determinar se havia evidências moleculares da doença nos tecidos, antes do transplante.
A doadora era uma mulher de cerca de 30 anos, saudável, que estava internada no hospital em março de 2021 com pneumonia grave em decorrência do coronavírus e morreu devido a uma lesão cerebral causada por falta de oxigênio. Sua função renal, porém, se manteve estável durante a internação e amostras de tecido foram coletadas e testadas antes do órgão ser doado ao receptor – um homem com doença renal em estágio terminal, que estava em diálise há mais de cinco anos.
A equipe médica declarou que o transplante, embora não seja o primeiro de um paciente com Covid-19, nos Estados Unidos, foi um dos primeiros em que amostras de tecido do doador foram analisadas previamente. “O que distingue este caso de outros é o fato de termos estudado o rim do doador usando amostras de biópsia pré-transplante para investigar a presença do vírus”, disse Kyungho Lee, bolsista da Johns Hopkins Medicine e primeiro autor do estudo publicado no American Journal of Transplantation. “Em vez de apenas fazer um teste nasal no receptor após o transplante para verificar a infecção, obtivemos o tecido do rim do doador antes do transplante e o estudamos cuidadosamente”, afirmou, em comunicado.
Os pesquisadores disseram ainda que as decisões sobre a aceitação de órgãos de doadores que morreram de Covid-19 devem ser tomadas caso a caso, mas os resultados dos testes moleculares de tecidos foram promissores e podem limitar o descarte de órgãos seguros para transplante. De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, mais de 106.000 americanos aguardam para receber um transplante do órgão que pode salvar sua vida ou melhorar a qualidade dela.