Revista de compras publica avaliação de grupos que realizam cirurgia cardíaca
A publicação americana Consumer Report avaliou 221 grupos de medicina que fazem cirurgias de ponte de safena
Grupos de medicina que realizam cirurgias de ponte de safena agora são avaliados ao lado de carros e torradeiras pela revista Consumer Reports. A revista, que dá dicas ao público americano sobre qual melhor carro comprar ou sobre os melhores eletrodomésticos dos Estados Unidos, publicou avaliações sobre 221 grupos de cirurgia de 42 estados na terça-feira em seu site e em sua edição impressa de outubro. “É triste”, afirmou a revista em seu site, “que seja mais fácil conseguir informações sobre qual carro ou geladeira comprar do que sobre os serviços de saúde.”
A classificação envolve grupos, não médicos individuais. Os grupos recebem uma, duas ou três estrelas, para abaixo da média, médio ou acima da média. As classificações foram baseadas em índices de complicação e sobrevivência, se os grupos utilizaram as melhores técnicas cirúrgicas e se os pacientes receberam alta com determinados medicamentos que pesquisas mostraram ser benéficos depois desse tipo de cirurgia.
Na maioria das regiões do país, as avaliações baseadas em dados médicos não estão disponíveis para os pacientes. Apenas alguns estados, incluindo Nova York, fornecem esses dados.
Apoio dos cirurgiões – Por enquanto, a informação está disponível apenas para assinantes da Consumer Reports online ou compradores da revista. Dentro de alguns meses, as avaliações estarão disponíveis gratuitamente no site da Sociedade de Cirurgiões Torácicos (www.sts.org), disse Fred Edwards, responsável pela área de qualidade e pesquisa da sociedade e diretor-médico de cirurgia cárdio-torácica da Universidade da Flórida, em Jacksonville. A sociedade, que acompanha o desempenho dos cirurgiões desde 1989, forneceu as informações à Consumer Reports. Mais de 90% dos programas de cirurgias cardíacas do país participam dos registros da sociedade.
Os 221 grupos avaliados na Consumer Reports, que representam menos de um quarto das cirurgias de revascularização cardíaca realizadas no país, foram os únicos que permitiram a publicação de suas informações. Apenas cinco foram classificados como abaixo da média. Um relatório explica as avaliações. Por exemplo, em um hospital abaixo da média, os pacientes tiveram apenas 24% de oportunidade de receber os medicamentos recomendados depois da alta. Em um hospital acima da média, a chance foi de 92%.
Público maior – Edwards, cujo grupo recebeu duas estrelas, afirmou que a Sociedade de Cirurgiões Cardíacos decidiu que era hora de tornar público os dados reunidos pela associação porque há uma pressão crescente por esse tipo de informação feita por autoridades do sistema de saúde e de grupos de consumidores. Ele disse que a divulgação pública de cirurgiões seria inevitável e que queriam oferecer dados significativos. Ele acredita que mais grupos de cirurgia cardíaca vão permitir a publicação de seus dados.
Edwards disse que houve debate sobre se oferecer acesso aos pacientes sobre esse tipo de informação poderia melhorar os resultados globais de uma cirurgia cardíaca, e acrescentou: “Isso é algo que pretendemos investigar”. A sociedade dos cirurgiões colaborou com a Consumer Reports, ele disse, “porque os leitores da revista formam uma audiência certamente maior do que a que poderíamos atingir”.
A sociedade tinha informações completas sobre a saúde dos pacientes antes das cirurgias e também sobre a natureza de cada operação, como quantos vasos foram revascularizados e quais artérias ou veias foram usadas para criar as pontes. Edwards disse que esse tipo de informação detalhada era muito mais útil do que os registros comumente disponíveis, que geralmente divulgam apenas o diagnóstico, o procedimento realizado e se o paciente estava vivo. Segundo ele, essas informações poderiam ser enganadoras, já que grupos que aceitam pacientes de alto-risco podem realizar boas cirurgias e mesmo assim salvar poucos pacientes.