Remédios e cirurgia estão entre novas medidas indicadas a crianças obesas
Em sua primeira diretriz voltada a essa faixa etária, a Associação Americana de Pediatria também reforça a importância da atividade física
A Academia Americana de Pediatria divulgou recomendações para o controle da obesidade infantil, grave problema de saúde em todo o mundo.
Na diretriz, a primeira publicada sobre o assunto, os especialistas enfatizam a necessidade de uma abordagem intensiva e abrangente que inclua a avaliação de fatores de risco, doenças relacionadas e ofereça opções de tratamento, incluindo a criança e a família nas tomadas de decisão. Além disso, a entidade identifica a necessidade de políticas públicas, mudanças estruturais e ambientais.
Esta é a primeira diretriz publicada sobre o assunto pela entidade. Anteriormente, havia apenas um posicionamento de 2007 sobre o assunto, com a recomendação de melhora na alimentação, mudança familiar e estímulo ao exercício.
O documento, lançado nesse mês, ressalta que as intervenções sejam feitas o quanto antes para reduzir o risco de obesidade persistente e de danos aos órgãos, e indicam quatro opções de tratamento: entrevista motivacional, comportamento intensivo de saúde e mudança no estilo de vida, medicamentos antiobesidade e cirurgia bariátrica, que podem ser usados isoladamente ou combinados.
Segundo os especialistas americanos, a base de todo tratamento abrangente da obesidade é ajudar a criança e a família a adotar mudanças de nutrição, atividade física e comportamento, reconhecendo o contexto ambiental.
O tratamento intensivo de comportamento de saúde e estilo de vida, embora não esteja disponível universalmente, é o tratamento comportamental conhecido mais eficaz para a obesidade infantil.
Entretanto, muitas vezes essa estratégia não é suficiente. Um dos focos do documento é a recomendação do uso de remédios contra a obesidade para crianças com mais de doze anos. “O que gerou mais barulho foi o reconhecimento de que estratégias adicionais podem ser necessárias como a utilização de algumas medicações estudadas para maiores de doze anos, e cirurgia bariátrica, apenas para casos de extrema gravidade, o que infelizmente vem se tornando cada vez mais comum”, explica o endocrinologista Bruno Halpern, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
A Academia Americana de Pediatria e o Comitê Pediátrico da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica concluíram que a cirurgia bariátrica é segura e eficaz em adolescentes. Dado o maior risco de obesidade adulta que se desenvolve na infância, esse tipo de cirurgia não deve ser negado aos adolescentes quando existem comorbidades graves, como depressão, diabetes tipo 2, apneia obstrutiva do sono e esteatose hepática não alcoólica.
Mais de 14 milhões de crianças e adolescentes são afetados pela obesidade, de acordo com a entidade americana. Apesar da complexidade da doença, os especialistas estão confiantes de que a nova diretriz ajudará a orientar os profissionais de saúde a desenvolver melhores planos de tratamento abrangentes.
“A nova diretriz ajuda a conscientizar as pessoas de que o tratamento é muito mais amplo e complexo do que recomendar “comer menos e se exercitar mais”, alerta Bruno Halpern.