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Remédio para obesidade reduz sintomas de insuficiência cardíaca em testes

Ensaio com Wegovy, semaglutida 2,4 mg, demonstrou melhora na fadiga, limitações físicas, tolerância ao exercício e inchaço nas extremidades do corpo

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 ago 2023, 19h03 - Publicado em 25 ago 2023, 18h10

O medicamento Wegovy (semaglutida 2,4 mg), usado para o tratamento de obesidade, demonstrou um novo benefício para a saúde cardiovascular, segundo estudo publicado nesta sexta-feira, 25, no periódico The New England Journal of Medicine: o fármaco reduziu sintomas de insuficiência cardíaca em pacientes que, além da doença, vivem com obesidade. O ensaio, divulgado no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês), mostrou que as injeções semanais ao longo de um ano melhoraram quadros de fadiga, limitações físicas, tolerância ao exercício e inchaço nas extremidades do corpo.

No início deste mês, a farmacêutica tinha anunciado outro benefício cardiovascular do medicamento. Em ensaio iniciado em 2018, a droga demonstrou ser capaz de reduzir em 20% o risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e morte cardiovascular por um período de até cinco anos. O estudo foi feito com 17,6 mil pacientes com mais de 45 anos e sobrepeso ou obesidade, além de doença cardiovascular estabelecida, mas sem diagnóstico de diabetes tipo 2.

O novo estudo, de fase 3, foi realizado com pacientes diagnosticados com c (ICFEP), condição que afeta quase metade dos pacientes com insuficiência cardíaca – distúrbio que faz com que o coração deixe de bombear o sangue adequadamente para o corpo e atinge 64 milhões de pessoas no mundo -. Em casos graves, pacientes com o problema podem precisar de um transplante de coração. Estima-se que 80% dos pacientes com ICFEP também vivem com obesidade ou sobrepeso, o que intensifica os desconfortos relacionados à doença.

Para o ensaio, foram usados dados do Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire Clinical Summary Score (KCCQ-CSS), ferramenta que avalia sintomas e limitações físicas em casos de insuficiência cardíaca.

De acordo com a medição, o aumento na mudança média na qualidade de vida com o medicamento em 52 semanas foi de 16,6 pontos. No grupo placebo, foi de 8,7 pontos. Em relação ao peso corporal, a redução média com o Wegovy foi de 13,3% e de apenas 2,6% entre os que não receberam a medicação.

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No teste de caminhada de 6 Minutos (6MWD, do inglês “6-Minute Walking Distance”), os voluntários do grupo do remédio tiveram um aumento médio na distância percorrida de 21,5 metros contra 1,2 metro do placebo.

“As notícias de hoje anunciam uma possível mudança fundamental no paradigma de como os cardiologistas abordam a Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada em pacientes com obesidade. É gratificante poder compartilhar evidências importantes que têm o potencial de mudar o manejo clínico futuro dessa população de pacientes vulneráveis”, disse, em comunicado, Mikhail Kosiborod, investigador principal do estudo e cardiologista do Saint Luke’s Mid America Heart Institute, nos Estados Unidos.

Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda destacou que os resultados somam evidências de segurança e eficácia do tratamento para pacientes com obesidade e doenças cardiovasculares. “Sabemos que muitos desses pacientes precisarão de tratamentos de longo prazo. Então, são dados importantes, que demostram que nossos pacientes podem ser tratados de forma segura e durante um longo período.”

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Tratamento da obesidade

No Brasil, o medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas para pessoas com sobrepeso (e comorbidades) e obesidade em janeiro deste ano. No entanto, com a alta demanda e risco de desabastecimento, a farmacêutica adiou o lançamento do remédio no país para 2024.

Segundo a Novo Nordisk, testes apontaram que o medicamento foi capaz de reduzir o peso corporal em até 17% em 68 semanas. Ainda de acordo com a empresa, o tratamento – feito com injeções semanais – ajudou na redução de 20% do peso corporal de uma em cada três pessoas e 83,5% dos pacientes apresentaram queda no peso igual ou superior a 5%.

A semaglutida faz parte de uma classe de medicamentos que estão entre as apostas dos cientistas como potente arma contra a obesidade: as substâncias que atuam nos receptores de hormônios produzidos pelos intestinos, como o GLP-1, ligado à regulação do apetite e redutor do ritmo de esvaziamento do estômago, aumentando, assim, a duração da sensação de saciedade. Entre os efeitos colaterais, estão alterações gastrointestinais, como náuseas, diarreia, vômitos, constipação e dores abdominais. 

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A droga também está sendo investiga em estudos para o tratamento da Doença de Alzheimer, controle do alcoolismo e redução da gordura no fígado.

Doença crônica

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), havia, em 2020, 1 bilhão de pessoas com obesidade no mundo. A estimativa é de que, em 2025, 167 milhões de pessoas terão a saúde afetada pelo excesso de peso.

A obesidade é uma doença crônica relacionada com risco aumentando de desenvolver condições de saúde como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes tipo 2.

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