Pesquisadores tentam curar o enfisema com células-tronco
Tratamento, além de estimular a formação de células saudáveis no pulmão, proporcionou melhora no coração
O enfisema está no grupo de doenças responsáveis pela terceira maior causa de mortes no mundo
O enfisema é uma doença que destrói permanentemente a superfície que faz a troca gasosa dentro do pulmão, do oxigênio pelo gás carbônico. Sem ela, o indivíduo vai perdendo gradativamente a capacidade de respirar. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o enfisema está no grupo de doenças responsáveis pela terceira maior causa de mortes no mundo. Só nos Estados Unidos, 32 bilhões de dólares são gastos todo ano para o tratamento dessas doenças. Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está utilizando células-tronco da medula óssea para recuperar pulmões afetados pelos danos permanentes e pelos vários estágios da doença.
FeSBE 2010
Falta de sono pode causar impotência sexual
Pacientes com câncer terão tratamento personalizado no futuro
Subnutrição da mãe afeta saúde do filho para toda a vida
Nanotecnologia brasileira contra segunda maior causa de morte em transplantes de coração
Droga utilizada há 20 anos no Brasil pode ajudar no combate ao diabetes tipo 2
“Sem animais, não há pesquisa científica na área da saúde”
Um dos maiores problemas para se tratar o enfisema pulmonar, segundo a médica Patrícia Rocco, chefe do Laboratório de Investigação Pulmonar e do Programa de Terapia Celular e Bioengenharia da UFRJ, é o estado em que o paciente chega ao consultório. “Normalmente o indivíduo procura o médico em um estágio avançado da doença, quando ele passa a tossir”. Depois de um certo tempo, o enfisema é responsável pelo agravamento em outros órgãos, como o coração e os músculos das pernas e braços. “Ela passa a ser uma doença que atinge todo o corpo, e não apenas o pulmão”. Isso quer dizer que foi preciso desenvolver um modelo em laboratório que recriasse, em animais, os mesmos sintômas crônicos e leves causados pelo enfisema em vários órgãos, incluindo o coração e os músculos.
Depois de 10 anos, a equipe de Patrícia, também formada pelo médico Marcelo Morales, presidente da Federação Latino Americana de Sociedades de Biofísica, conseguiu recriar esses vários estágios do enfisema, leves e graves em ratos, e fizeram um registro de cada uma dessas etapas. “Agora temos uma boa ideia de como a doença evolui e poderemos investir em tratamentos diferenciados para seres humanos”, afirma Morales. Ele explica que foi uma tarefa muito difícil induzir a doença nos animais de forma que todos os sintomas da doença se manifestassem. “Se induzirmos o enfisema no pulmão, mas não no resto do corpo, isso impede que a pesquisa traga reais benefícios para os seres humanos”.
Células-mãe – Agora, os pesquisadores estão tratando com células-tronco os ratos com enfisema leve e agravada. Os cientistas descobriram que as células-tronco estimulam a formação de outras células a partir de regiões saudáveis do pulmão, chamadas células progenitoras. Essas células são capazes de reparar regiões que antes eram consideradas permanentemente perdidas por causa da evolução do enfisema. O tratamento celular também foi benéfico para outras partes do corpo. “Além de estimular a formação de células saudáveis no pulmão, percebemos uma melhora no coração e outros músculos desses animais”, afirma Patricia.
Contudo, os pesquisadores ainda têm muito o que fazer. “Damos passos de formiga. Cada estágio precisa ser minuciosamente estudado e testado em laboratório, depois em animais e só então em humanos”, diz Morales. É por isso que demora tanto para que esses estudos cheguem de fato em seres humanos. Para os pesquisadores, o estudo amplo e comedido é importante porque ele pode se transformar em uma terapia extremamente barata e o investimento pode retornar rapidamente à população. No caso do enfisema, mais rápido do que se imagina, segundo Patricia. “Esperamos que até 2012 possamos encaminhar os resultados para que sejam iniciados os testes em seres humanos”. Um ano e meio.